Mais de 100 ativistas, jornalistas e políticos de vários países do mundo foram alvo de ataques informáticos através de “software” malicioso de espionagem, produzido pela empresa israelita Candiru, no sistema operativo Windows, informou esta quinta-feira a Microsoft.

As vítimas – aproximadamente metade – encontravam-se em território palestino, e as restantes em Israel, Líbano, Iémen, Espanha [na Catalunha], Reino Unido, Turquia, Arménia e Singapura.

Aproveitando as vulnerabilidades do Windows, “hackers”, a operar na Arábia Saudita, Israel, Hungria, Indonésia e noutros países, compraram e instalaram o ‘software’ de espionagem remota fabricado pela Candiru.

O “software” – que se designa por “spyware” e recolhe informações pessoais e de navegação na Web – foi usado em “ataques contra computadores, telefones, infraestruturas de rede e dispositivos conectados à internet”, afirmou o diretor-geral da Unidade de Segurança Digital da Microsoft, Cristin Goodwin.

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Alertada por investigadores de segurança cibernética do Citizen Lab da Universidade de Toronto, no Canadá, a Microsoft lançou programas de proteção digitais [‘patches’], na terça-feira, para corrigir as fragilidades do Windows.

De acordo com um comunicado publicado esta quinta-feira, ao qual a Lusa teve acesso, a Microsoft não cita a Candiru e diz que o “software” será da empresa Sourgum.

Acreditamos que a Sourgum é um ator ofensivo do setor privado de Israel […].A Sourgum geralmente vende armas cibernéticas que permitem aos seus clientes, muitas vezes agências governamentais em todo o mundo, invadir computadores, telefones, infraestruturas de rede e dispositivos conectados à Internet”, pode ler-se no comunicado.

Segundo o Citizen Lab, as investigações permitiram novas observações sobre o custo dos negócios na indústria de “spyware”.

Por 16 milhões de euros, os clientes da Candiru podem comprometer um número ilimitado de dispositivos, mas estão limitados a rastrear 10 de cada vez, de acordo Citizen Lab. Por um valor extra de 1,5 milhão de euros, os compradores podem monitorar mais 15 vítimas.

A Candiru tem clientes na Europa, Rússia, Médio Oriente, Ásia e América Latina, segundo o jornal israelita Haaretz.