O incêndio que deflagrou este sábado em Monchique, no distrito de Faro, foi dado como extinto ao final da tarde deste domingo. Em conferência de imprensa, o Comandante Operacional Municipal do Município de Portimão, Richard Marques, disse que apesar da “intensificação do evento” e de “algumas reativações”, estas foram prontamente anuladas pelas equipas que se mantiveram no local. Devido às condições meteorológicas, vão manter-se “meios no terreno” pelo menos até à manhã de segunda-feira. Não houve vítimas neste incêndio.

Já pela manhã, Richard Marques tinha revelado que as 68 pessoas que foram retiradas das habitações que estiveram em risco, 21 passaram a noite no Portimão Arena, mas já foram todas novamente transportadas até aos respetivos domicílios.

Richard Marques confirmou ainda que foram “retirados 85 animais com o apoio dos serviços veterinários de Monchique e Portimão”. Para os agricultores que foram afetados pelo incêndio o ministério da Agricultura informa ainda que a partir de segunda-feira os formulários para reportar esses danos e solicitar apoio já estarão disponíveis.

Durante a noite estiveram mais de 400 operacionais a combater as chamas. A apoiá-los tinham 141 meios terrestres e os meios aéreos — que chegaram a ser 9 — foram, naturalmente, desmobilizados durante a noite.

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Às 19h30, o incêndio chegou a ter duas frentes ativas, uma delas dirigindo-se para uma zona com aglomerados populacionais. Segundo o balanço feito na altura pelo comandante operacional distrital da Proteção Civil, Richard Marques, era a frente sul-este que mais preocupava uma vez que a frente que estava mais direcionada para a serra de Monchique não tinha “pontos sensíveis”, isto é, habitações.

A segunda frente desenvolvia-se para dentro de zonas populadas, aglomerados populacionais mais vulneráveis, sendo a principal preocupação dos meios no terreno proteger as pessoas. No local havia também meios disponíveis para dar especial atenção ao animais de companhia.

O incêndio começou ao início da tarde deste sábado, segundo a informação disponível na página da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, o alerta para o incêndio foi dado por volta das 13h30, tendo deflagrado na localidade de Tojeiro, freguesia de Marmelete. Arderam mais de 800 hectares.

Idosos transportados para o Portimão Arena

O incêndio chegou a passar para o concelho vizinho, Portimão, onde obrigou a evacuar duas casas e um lar de idosos, junto ao Autódromo de Portimão, informou a proteção civil. Segundo o Comando Distrital de Operações e Socorro (CDOS) de Faro foram retiradas do local 20 pessoas, por precaução, já que o incêndio está a progredir nessa área.

Entre as pessoas deslocadas, 11 são idosos do Lar da Pereira, localizado no interior do município de Portimão. Isilda Gomes, presidente da câmara portimonense, esclareceu que todos os idosos — alguns acamados — foram transportados para o Portimão Arena. Em 2018, também foi aqui que ficaram muitos dos desalojados do fogo.

O Portimão Arena, por causa da pandemia de Covid-19, funcionou recentemente como hospital de campanha, tendo camas e estando preparado para receber mais pessoas. 

Ouça aqui o presidente da Câmara Municipal de Monchique

Incêndio em Monchique com “frente muito forte em Portimão” e com “todos os meios empenhados”

Por volta das 17h30, a frente de fogo apresentava já uma área significativa e o vento inconstante e forte somado ao combustível seco no terreno obrigou a um reforço de meios e à instalação do posto de comando no local. A última atualização das autoridades dá conta de que a estrada de acesso ao Autódromo a partir da A22 tinha sido cortada.

Recorde-se que em 2018 a serra de Monchique foi assolada por um incêndio que teve início a 3 de agosto e só foi dado como dominado sete dias depois, na manhã de dia 10 de agosto. Foram consumidos mais de 27.000 hectares de floresta e de terrenos agrícolas. No total, em 2018, o fogo destruiu 74 casas, 30 das quais de primeira habitação.

Artigo atualizado às 19h47 de domingo