A seleção feminina de andebol de praia da Noruega protestou esta segunda-feira contra as regras da Federação Internacional de Andebol, que indicam que as jogadoras devem usar biquíni e que a parte inferior do equipamento não deve cobrir mais de 10 centímetros da parte superior das pernas.
As jogadoras — que disputavam a partida para a medalha de bronze do Campeonato Europeu de Andebol de Praia contra a equipa espanhola — usaram um top e calções e acabaram multadas.
A Comissão Disciplinar do Euro 2021 de andebol de praia decidiu multar em 150 euros cada jogadora da equipa, o que equivale a 1.500 euros de multa no total.
The Norwegian beach volleyball girls wanted to play in these shorts instead of in bikini bottoms which they found too revealing but were threatened by the EC tournament organizer with fines if they wore anything covering more than 10cm of their butts pic.twitter.com/LHSxXz91CM
— Tradia (@amalieskram) July 15, 2021
Antes da decisão, o chefe da Federação Norueguesa de Andebol, Kare Geir Lio, disse à agência de notícias France Presse (AFP) que estava disposto a pagar qualquer multa, defendendo que “o mais importante é ter equipamentos com os quais os atletas se sintam confortáveis”. E ao Washington Post acrescentou ainda que a questão é simples: não só o equipamento regulamentado não é ideal para os movimentos do desporto, como é difícil recrutar atletas devido a essa mesma regra.
“A federação vai apoiar o direito da equipa em apontar as diferenças entre géneros“, acrescentou a responsável federativa.
As jogadoras da Noruega entendem que a regra é sexista e que se sentem desconfortáveis, daí terem pedido aos organismos que regem a modalidade para poderem jogar de calções. Outros países, como a Suécia, já se juntaram a esta luta, mas até agora nada mudou.
Today in misogyny in sports:
The Norwegian women's handball team wanted to protest the rule saying women *must* wear bikini bottoms in beach handball.
The organizers of #BeachEuro2021 say they will be disqualified if they do.????????♀️
What they wear today vs. what they want to wear: pic.twitter.com/sPLiW39Zn3
— Maren Hald Bjørgum (@mbjorgum) July 13, 2021
“Primeiro disseram-nos que íamos ser multadas em 50 euros por jogador por jogo, o que implicaria uma multa de cinco mil euros. Respondemos que concordávamos”, disse Katinka Haltvik, capitã da equipa norueguesa de andebol de praia, à NRK, estação pública do seu país, explicando o que aconteceu antes do Europeu.
A jogadora explicou ainda que na competição, onde acabou por crescer toda a polémica, a organização ameaçou desqualificar a equipa. “Disseram-nos que o valor das multas ia aumentar em cada jogo e ameaçaram com outras multas. Antes do primeiro jogo, avisaram-nos que seríamos desqualificadas, pelo que fomos forçadas a jogar de biquíni”, explicou ainda Haltvik.
Por seu lado, o porta-voz da Federação Europeia de Andebol, Andrew Barringer, disse que a instituição está “empenhada colocar o tema em cima da mesa, no interesse dos seus membros”, mas lembra que uma mudança nas regras só pode acontecer a nível da Federação Internacional de Andebol.
Notícia atualizada às 15h15 de dia 20 de julho.