As federações de andebol, basquetebol, futebol, patinagem e voleibol apelaram esta terça-feira ao Governo para considerar o desporto enquanto atividade “estruturante” para o país e reclamaram mais apoios face às dificuldades criadas pela pandemia de Covid-19.
Numa audição conjunta das cinco federações na Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto, na Assembleia da República, após um requerimento do PSD, o líder da Federação Portuguesa de Patinagem (FPP), Luís Sénica, lamentou que o setor esteja ainda a “uma enorme distância” daquilo que precisa para enfrentar a crise.
“Perdemos mais uma grande oportunidade para uma ação política concertada e desperdiçámos um excelente momento para discutir e dialogar com o movimento desportivo e demais parceiros o urgente caminho da retoma e recuperação da atividade desportiva”, frisou o dirigente aos deputados da comissão, criticando ainda a falta de apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR): “Foi uma grande penalidade desperdiçada“.
Para Luís Sénica, é igualmente necessário efetuar a “revisão do regime jurídico das federações e correta adequação às necessidades” do setor, promover uma “campanha nacional de sensibilização e mobilização para o regresso da prática desportiva em segurança” junto da população e investir em organizações desportivas, equipamentos e pessoas.
Nesse sentido, avançou com cinco princípios para a revitalização da área do desporto: definição de modelos de investimento, reconhecimento do poder nas pessoas e na liderança, aposta na inovação e na vertente digital, importância dos dados de perceção e da aprendizagem e, finalmente, boa governação.
Entre os objetivos está, segundo o presidente da FPP, o posicionamento de Portugal no top-15 da União Europeia em termos de indicadores de prática da atividade física e desportiva. O líder da Federação de Andebol de Portugal, Miguel Laranjeiro, lembrou que as cinco federações representam mais de 60% dos atletas federados e que o setor “é um contribuinte” do Estado.
Temos de olhar para o desporto não como uma pequena parcela, mas sim como algo verdadeiramente estruturante. Em Espanha, o desporto foi considerado uma das 10 alavancas para a recuperação do país. Podemos fazer muito melhor, mas também precisamos de ajuda para que isso seja possível”, resumiu.
A oposição subscreveu as críticas transmitidas pelas cinco federações desportivas, com o deputado do PSD Emídio Guerreiro a condenar a demora do executivo na definição e materialização dos apoios.
A mesma crítica foi expressa pelo PCP, já que a deputada Alma Rivera vincou que o setor “ficou 14 meses à espera que fosse anunciada uma ajuda“, numa visão partilhada pelo Bloco de Esquerda, com Luís Monteiro a sublinhar que o PRR “tem prazos que não são coadunáveis com as necessidades que o setor vive” atualmente.
Em representação do PS, o deputado Miguel Costa Matos reconheceu que o diagnóstico das federações “é o reconhecimento de uma difícil realidade” provocada pela pandemia e salientou que “é este o momento de encorajar as pessoas e os atletas a regressar aos clubes”.