O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, considerou esta segunda-feira injustas as investigações em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra militantes de extrema-direita que, entre outras questões, pedem um golpe militar no país.
“Se alguém comete um ato antidemocrático, é contra o Governo federal, não é contra alguém do Supremo Tribunal Federal. Eu não reclamo porque entendo isso como liberdade de opinião”, disse Bolsonaro a um grupo de apoiantes, na porta do Palácio da Alvorada, sua residência oficial em Brasília.
“Isso é liberdade de expressão. Está na Constituição. Respeito isso. Outros, não. Não é justo punir, abrir inquérito contra essas pessoas”, acrescentou.
Bolsonaro criticou as investigações abertas no STF desde o ano passado a partir de uma série de manifestações cujos participantes pediam o encerramento do tribunal superior e do Parlamento através de uma “intervenção militar” que manteria Bolsonaro no poder.
O Presidente brasileiro, capitão do Exército aposentado e líder da extrema-direita, esteve presente em alguns desses eventos, que o Ministério Público passou a classificar de “antidemocráticos”.
O STF abriu um processo para tentar apurar quem financiou e organizou esses protestos, embora o juiz responsável pelo caso, Alexandre de Moraes, os tenha arquivado em julho a pedido da Procuradoria-Geral da República, que alegou falta de provas.
No entanto, o magistrado decidiu na mesma altura abrir outra investigação sobre as suspeitas da existência de uma “organização digital antidemocrática” composta por “agentes políticos, funcionários e autoproclamados comunicadores” que estariam a divulgar ideias extremistas.
Nesse contexto, Bolsonaro comparou essas investigações com a situação da ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez, que está detida desde março passado, acusada de terrorismo, sedição e conspiração.
Também não se pode investigar, segundo Bolsonaro, alguém que empunhava um cartaz a favor do chamado Ato Institucional 5, um pacote de medidas aplicadas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985) através do qual os militares aumentaram a repressão.