Portugal pode atingir a meta de 70% da população totalmente vacinada ainda este mês. Segundo o coordenador da task force para a vacinação, Henrique Gouveia e Melo, o país deverá alcançar os 70% de vacinados com a primeira dose “à volta do dia 8 agosto”, sendo que só no fim do mês ou no início de setembro é que se prevê ser possível ter a mesma percentagem da população com o esquema vacinal completo — ou seja, com duas doses da Pfizer, AstraZeneca ou Moderna ou, por outro lado, uma dose da Jansen. Um cenário bom que o responsável afirma não poder ser revertido: “Folgar o ritmo é dar oxigénio ao vírus”
Para que tal seja possível é fundamental o esforço feito pelo Infarmed e pelo Ministério da Saúde para adquirir vacinas a países europeus, podendo trazer ao plano de vacinação nas próximas semanas cerca de um milhão de vacinas, “o que é importante para a aceleração”. Uma aceleração que, diz Gouveia e Melo, permitirá “libertar a economia, libertarmo-nos deste vírus”.
“Tivemos maior disponibilidade em julho, teríamos uma menor disponibilidade em agosto se não fossem as negociações bem sucedidas que estão a ser conduzidas pelo Ministério da Saúde e pelo Infarmed para ir buscar vacinas da Jansen e da Pfizer a parceiros europeus para reforçar o nosso processo de vacinação”, referiu o coordenador da task force esta terça-feira na reunião de especialistas no Infarmed.
Até agora, nos três primeiros trimestres, tivemos “grosso modo, menos 5,4 milhões de vacinas do que era previsto inicialmente”. Já, no 4º trimestre, “a previsão era receber 8,5 milhões, mas vamos receber, se tudo correr bem, 5,2 milhões de vacinas”, detalhou.
Portugal fica esta semana com um “stock muito limitado de 200 mil vacinas”
Mas, afinal, como foram chegando as vacinas? “No primeiro trimestre tínhamos contratado 4,4 milhões de vacinas e recebemos 2,3. No segundo trimestre, estavam contratualizadas 11 milhões de vacinas e recebemos 7,1 milhões”, afirmou o coordenador da task force, adiantando que “transitaram nos últimos dois dias 1,35 milhões de vacinas para o terceiro trimestre, porque não as pudemos aplicar no segundo trimestre”
Para este terceiro trimestre havia 10 milhões de vacinas contratualizadas, mas “vamos ter disponíveis, se tudo correr bem, 10,6 milhões de vacinas com reforços e transferências do segundo trimestre”. Por outro lado, explicou Gouveia e Melo, “vamos perder 470 mil vacinas da AstraZeneca, porque já não fazem sentido no nosso plano” de vacinação.
No total, chegaram a território nacional 13 milhões de vacinas, tendo seguido para as regiões autónomas da Madeira e dos Açores 600 mil e doadas a outros países 200 mil vacinas. Em Portugal continental ficaram, assim, 12 milhões de vacinas e, destas, foram já aplicadas 11,2 milhões. Durante esta semana prevê-se aplicar cerca de 600 mil vacinas, “portanto vamos ficar com stock muito limitado de 200 mil vacinas”.
Apesar dos eleogios ao ritmo da vacinação, o coordenador da task force destacou o ligeiro atraso das regiões autónomas, lembrando que não é por terem menos vacinas do que o continente, mas porque “têm de acelerar o processo”.
Adolescentes podem começar a ser vacinados já a 14 de agosto
O processo de vacinação foi descrito por diversas vezes por Gouveia e Melo como “extraordinariamente eficiente”. O responsável lembra que fomos “buscar tudo o que temos para vacinar, reduzindo de alguma forma a nossa segurança em termos das segundas doses”, mas deixou também uma palavra de tranquilidade: a estratégia “ainda não comprometeu as segundas doses e esperemos não vir a comprometer”
As faixas etárias acima dos 60 anos estão praticamente imunizadas, entre quem está na faixa dos 50 anos há cerca de 4% que ainda não está imunizado — os recuperados da doença têm de esperar 6 meses para serem vacinados, lembrou o coordenador da task force — e na faixa dos 40 anos há cerca de 10% da população que ainda não foi inoculada. Além disso, o país está “muito avançado nos 30 anos, a avançar fortemente na faixa dos 20 anos e a planear agora a faixa de baixo”.
Quanto à faixa dos adolescentes, no fim de semana de 14 de agosto será iniciada a vacinação dos jovens com idades entre os 16 e os 17 anos, que ainda estão dentro do plano. “Os adolescentes mais novos serão no fim de semana a seguir, se a DGS acordar a importância da vacinação desta faixa da população, que ainda é significativa — são cerca de 1,5 milhões de pessoas”, esclareceu Henrique Gouveia e Melo, sublinhando que se trata de uma “quantidade muito elevada da nossa população suscetível ao vírus, com grande mobilidade e grande contacto comunitário”.
Task force pede à DGS para reduzir intervalo entre vacinas
Segundo foi anunciado na reunião do Infarmed desta terça-feira, a task force está já a estudar a redução do intervalo entre vacinas, tendo mesmo já levado o assunto à Direção-Geral da Saúde: “Já pedimos à DGS para encurtar o intervalo para as segundas doses, porque uma vez que vamos avançando nas primeiras doses para percentagens finais é importante reduzir o intervalo para as segundas doses, dentro do que são as recomendações das vacinas”.
Gouveia e Melo diz que, nesta fase do plano de vacinação, essa redução permitira aumentar “fortemente a proteção contra o vírus”.
Até ao momento, no que diz respeito à população de migrantes, foram já imunizadas cerca de 250.888 pessoas, sendo a maior fatia proveniente do continente americano, devido à comunidade brasileira que vive em Portugal. A seguir, estão pessoas provenientes de outros países europeus, de África e, por fim, da Ásia.