É mais um capítulo nas ambições espaciais de Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, que viajou este mês para o espaço e chegou mais longe do que outro multimionário, Richard Branson. O magnata está a oferecer à NASA dois mil milhões de dólares (cerca de 1,7 mil milhões de euros) em troca de um contrato para que a sua empresa, a Blue Origin, construa o veículo espacial que levará os próximos astronautas à lua, mais de cinco décadas depois.
Na viagem comercial ao espaço, este mês, Bezos conseguiu ultrapassar Richard Branson, da Virgin Galactic, na altitude — chegou mesmo a cruzar a linha de Kármán. Mas noutra viagem foi ultrapassado por outro magnata, Elon Musk. É que a empresa de Musk, a SpaceX, ganhou o contrato com a agência espacial norte-americana para a construção da tal aeronave destinada a levar astronautas à lua.
Tudo aconteceu em abril deste ano, quando a NASA firmou um contrato com a SpaceX, rival da Blue Origin, para a construção do veículo que levará a primeira mulher e o próximo astronauta a superfície lunar. Foi “um enorme voto de confiança para Elon Musk”, resumia a CNN. A NASA justificou a decisão com os próprios défices de financiamento e com o facto de a proposta da SpaceX ter representado “o melhor valor para o Governo” dos EUA. Em cima da mesa está um contrato de nada menos do que 2,89 mil milhões de dólares (cerca de 2,4 mil milhões de euros). Na altura, as propostas da Blue Origin e de uma outra empresa, a Dnyetics, ficaram pelo caminho.
Mas a empresa de Jeff Bezos não se deixou ficar. Numa carta aberta divulgada pela CNN, endereçada a Bill Nelson, administrador da NASA, Jeff Bezos quis deixar claro que o dinheiro não é um problema e ofereceu-se para garantir dois mil milhões de euros para que a Blue Origin seja considerada para a construção do veículo.
Segundo explica a CNN, a intenção inicial da NASA era que duas empresas privadas competissem pela construção do veículo espacial para o projeto Human Landing System (HLS). Só que, em abril, um volte-face: a agência espacial anunciou que, afinal, apenas iria contratar a SpaceX.
A Blue Origin vai preencher a lacuna de financiamento do HLS, renunciando a todos os pagamentos no atual e nos próximos dois anos fiscais até 2 mil milhões de dólares para colocar o programa na direção certa”, escreveu Bezos.
O magnata apela a que a NASA garanta uma “competição saudável“. Sem ela, a agência espacial “ficará com opções limitadas” e as suas “ambições lunares de curto e longo prazo” serão “adiadas, serão mais caras e não servirão os interesses nacionais”. A NASA espera fazer chegar à lua a primeira mulher e o próximo homem em 2024.
Afinal, Jeff Bezos e Richard Branson podem não ser considerados “astronautas”