A Direção-Geral da Saude (DGS) recomendou a vacinação contra a Covid-19 dos jovens entre os 12 e os 15 anos que tenham comorbilidades, ou seja, outras doenças associadas. As autoridades de saúde portuguesas preferem esperar por obter mais evidência científica antes de tornarem universal a vacinação neste grupo etário, mas admitem que todos os adolescentes naquele grupo etário podem vir a ser vacinados se tiverem indicação médica para tal.
Graça Freitas disse mesmo:
A Direção-Geral da Saúde considera que deve ser dada a possibilidade de acesso à vacinação a qualquer adolescente com 12-15 anos de idade por indicação médica e de acordo com a calendarização da campanha de vacinação”.
O anúncio foi realizado esta tarde pela diretora-geral da saúde, Graça Freitas, durante uma conferência de imprensa. A líder da DGS recordou que a Covid-19 tende a ser ligeira nas crianças, mas que aquelas que têm comorbilidades podem sofrer com quadros clínicos mais severos da doença. E começarão a ser vacinadas no fim de semana de 14 de agosto.
Neste momento, há duas vacinas aprovadas para os jovens dos 12 aos 15 anos — a da Moderna e a da Pfizer. No entanto, a Agência Europeia do Medicamento já detetou casos raros de problemas de miocardite e pericardite nesta faixa etária. Esses problemas nunca são severos, mas ainda estão a ser estudados.
Falta evidência científica para que haja uma universalização
Segundo Graça Freitas, não há casos desta natureza na Europa, porque a maior parte dos países não está a vacinar estes adolescentes, mesmo após a aprovação das autoridades de saúde internacionais. Mesmo no caso daqueles que já começaram a distribuir a vacina nos jovens entre os 12 e os 15 anos, o processo começou muito recentemente e, por isso, ainda não há dados suficientes sobre ele.
As regras, no entanto, não mudam. Mesmo os jovens entre os 12 e os 15 anos que não são vacinados — por não sofrerem de comorbilidades associadas à Covid-19 — terão de apresentar um teste negativo quando este é solicitado para aceder a determinados serviços, como na restauração ao fim de semana. “O propósito da vacina é um, o propósito do teste é outro”, justificou Graça Freitas.
Quanto ao isolamento profilático para pessoas completamente vacinadas contra a Covid-19, a diretora-geral da saúde esclarece que os jovens com 12 aos 15 anos vacinados seguirão o esquema de quarentena que as autoridades de saúde estão a preparar para quem já cumpriu as duas semanas após a administração da última dose. Aqueles que não forem vacinados terão de seguir o esquema normal, atualmente em vigor.
DGS estuda qual o melhor intervalo entre duas doses
Graça Freitas também admitiu em conferência de imprensa que os especialistas estão a estudar qual será o intervalo ótimo entre as duas doses das vacinas contra a Covid-19. O comentário surge depois de o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force, ter pedido à DGS que esse intervalo fosse encurtado para acelerar a vacinação nos jovens e controlar a situação epidemiológica em Portugal.
De resto, a diretora-geral da saúde apelou à vacinação de toda a população acima dos 16 anos, uma vez que ela também é “uma arma potentíssima para proteger as crianças” — mesmo que indiretamente, através da aproximação à imunidade de grupo, protegendo quem com elas contacta.