O surto com a variante Delta, que começou no aeroporto de Nanjing, já se espalhou a, pelo menos, 18 províncias e cidades chinesas, noticiou o jornal estatal chinês Global Times. Na China, 31 das 33 províncias ou regiões administrativas equivalentes recomendaram aos cidadãos que não façam viagens desnecessárias.
A disseminação da variante Delta, mais transmissível, pelo país, veio mostrar que existem, afinal, falhas no sistema de vigilância e prevenção da epidemia. Aliás, o surto no aeroporto terá começado porque os funcionários da limpeza não cumpriram as normas de higiene e segurança e o aeroporto falhou na fiscalização dessas medidas.
Outro surto, em Zhengzhou, mostrou que mesmo nos hospitais há falhas na implementação das medidas de controlo da infeção. A maior parte das infeções na cidade estão relacionadas com o Sixth People’s Hospital dedicado especificamente aos casos importados de Covid-19. A origem foi um caso de infeção com a variante Delta vindo de Myanmar. Até esta segunda-feira, já tinham sido identificados 63 casos de infeção entre doentes, profissionais de saúde e funcionários de limpeza.
Os eventos desportivos foram cancelados um pouco por todo o país e há várias regiões em confinamento ou a apostar na testagem da população toda. O país quer também acelerar a campanha de vacinação que é desigual entre as grandes cidades como Pequim e Sanghai e outras regiões.
Nanjing
A cidade de Nanjing impôs um confinamento parcial no bairro de Jiangning, onde se localiza o aeroporto, esta segunda-feira, reportou o jornal independente South China Morning Post. Todos os centros comerciais e mercados grossistas estão encerrados e apenas os mercados de bens essenciais se podem manter abertos. Os que se mantém abertos têm de reduzir o número de clientes, em simultâneo, para menos de metade, medir a temperatura dos clientes à entrada, pedir o certificado de saúde e reforçar o uso de máscara.
Desde que o surto foi detetado no aeroporto, os 9,2 milhões de residentes de Nanjing foram testados e centenas de milhares de pessoas foram colocadas em confinamento, reportou a BBC.
Yangzhou
O surto de Yangzhou, que esta terça-feira contava já com 94 casos confirmados, pode ter tido origem em Nanjing, a cerca de 100 quilómetros de distância, reportou o Global Times. A polícia deteve e está a investigar uma mulher suspeita de ter violado o dever de confinamento, ter viajado de Nanjing para Yangzhou e ter escondido das autoridades o itinerário realizado, contrariando as recomendações.
A mulher de 64 anos viajou de autocarro, ficou hospedada em casa da irmã e esteve em vários locais públicos como restaurantes, lojas, clínicas, mercados e três salões de jogos. A mulher só testou positivo uma semana depois de ter chegado a Yangzhou. Os salões de jogos tornaram-se o principal local de contágio com 64% dos casos.
A cidade já conduziu duas rondas de testes na área urbana principal, num total de 1,5 milhões de pessoas testadas.
Zhangjiajie
Os residentes e turistas de Zhangjiajie, na província de Hunan, estão proibidos de sair da cidade devido ao surto que atingiu a cidade e que conta já com 16 pessoas infetadas. Os voos para fora da cidade foram cancelados e a circulação de veículos proibida — exceto transporte de mercadorias, ambulância, bombeiros e viaturas de controlo da epidemia.
A população da cidade está a ser testada em massa e alguns grupos vão já na terceira ronda de testes desde dia 29 de julho, reportou o Global Times. Três testes negativos foi o que foi exigido aos turistas para poderem sair da cidade.
Os funcionários públicos e professores foram requisitados para se juntarem às equipas de controlo da pandemia.
A origem do surto poderá estar, mais uma vez, na cidade de Nanjing: um turista infetado que passou o vírus a várias pessoas que estiveram presentes num evento cultural em Zhangjiajie. As autoridades estão agora a tentar localizar as cerca de 5.000 pessoas que estiveram no evento e que, entretanto, regressaram às suas cidades. As pessoas infetadas no evento, que teve espetáculos realizados tanto no interior como no exterior, terão levado a variante para, pelo menos, oito províncias e regiões, incluindo Pequim.
[A capital] deve ser protegida a qualquer custo”, disse o secretário do Partido Comunista Chinês em Pequim, Cai Qi.
Pequim
Foram reportados vários casos de transmissão local na capital chinesa com origem em pessoas infetadas que regressaram à cidade. Agora, os turistas estão proibidos de entrar em Pequim, assim como todos os viajantes com origem em regiões com transmissão ativa. Só aqueles que realizam viagens estritamente necessárias e têm teste negativo podem entrar na cidade.
Na região de Pequim, uma área residencial com mais de 10 mil residentes foi confinada, os espaços públicos fechados e já foram recolhidos, pelo menos, 4.500 amostras para testes de diagnóstico.
Wuhan
A capital da província de Hubei, onde o SARS-CoV-2 foi reportado pela primeira vez, identificou esta segunda-feira sete casos de transmissão comunitária, algo que não acontecia desde junho de 2020. As autoridades de saúde da cidade vão testar os mais de 11 milhões de habitantes.
Wuhan vai testar os 11 milhões de habitantes depois de detetar os primeiros casos ao fim de um ano
Shanghai
O aeroporto internacional de Shanghai Pudong realizou mais de 50 mil testes a funcionários e viajantes na segunda-feira, noticiou o South China Morning Post. Foi detetado um único caso positivo, um motorista que prestava serviços para a carga estrangeira. O complexo residencial onde vive o motorista foi designado área de risco médio, seis familiares e 46 contactos próximos do motorista estão em quarentena e outros 250 contactos desses contactos também têm de ficar isolados. Até agora nenhum dos contactos testou positivo e estão todos vacinados.