A administração Biden optou por apostar forte no ambiente, o que em termos de indústria automóvel significa investir nos veículos eléctricos, alimentados exclusivamente por bateria. Joe Biden pretende que dentro de nove anos, em 2030, 50% dos veículos ligeiros comercializados no país sejam 100% eléctricos e, para marcar a decisão, organizou um encontro na Casa Branca.

Foram convidados a CEO da General Motors Marry Barra, o seu colega da Ford Jim Farley, o homólogo da Stellantis na América do Norte Mark Stewart, bem como o representante dos sindicatos da indústria (UAW) Ray Curry. Segundo analistas americanos, a ausência da Tesla no evento, sendo o maior fabricante de veículos eléctricos, ficou a dever-se à presença deste sindicalista, que ainda não conseguiu cativar os trabalhadores do fabricante liderado por Elon Musk. E terá de explicar em breve aos seus associados a redução dos postos de trabalho, devido ao facto de alguns construtores norte-americanos – bem como os japoneses e europeus que fabricam localmente – terem de realizar cortes na força de trabalho, por não produzirem baterias e motores eléctricos, optando por adquiri-los a fornecedores externos.

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Durante o evento, no relvado estavam em exibição o Chevrolet Bolt, que tem a decorrer um dos recalls mais caros da história, obrigando a marca à substituição da bateria em aproximadamente 70.000 unidades, devido a risco de incêndio, com um custo total de 800 milhões de dólares (11.650 dólares por veículo). Junto ao Bolt estava a pick-up GM Hummer EV, que apenas começará a ser fabricada mais próximo ao final de 2021, bem como a pick-up Ford 150 Lightning, cujas entregas arrancarão apenas em 2022. Estava ainda exposto o Jeep Wrangler 4xe, um híbrido plug-in que já começou a ser entregue a clientes.

O que espantou os jornalistas foi a ausência da Tesla, construtor que só fabrica modelos eléctricos a bateria, produzindo motores, acumuladores e sistemas de gestão de bateria desde 2012. Só em Fremont, na Califórnia, produz uma média anos de 800.000 unidades/ano, a que se junta a produção da fábrica da marca em Xangai e, em breve, no Texas e em Berlim.

Questionado pela imprensa, o secretário dos Transportes Pete Buttigeg evitou a pergunta. Mas a realidade é que a Tesla não foi convidada e tão pouco chegou o convite à Volkswagen, que em breve irá arrancar com a produção de eléctricos na fábrica que possui em Chattanooga, no Tenessee. Sucede que a UAW ainda não conseguiu conquistar os trabalhadores da linhas de produção da Tesla e da VW, o que dá força à teoria que terá sido para agradar ao sindicato UAW que estes construtores não foram convidados por Joe Biden.