Os eléctricos a bateria têm, por enquanto, a desvantagem de verem o seu peso agravado por causa dos acumuladores, sem os quais também não há uma autonomia “razoável”. Para o regresso do Hummer, como pick-up eléctrica, a General Motors (GM) concentrou-se em oferecer o melhor de dois mundos: muita potência (até 1014 cv com três motores eléctricos), muito binário (15.591 Nm) e um alcance entre recargas que pode ficar acima de 350 milhas, segundo o método norte-americano EPA, a que equivalerá mais de 563 km com uma carga completa.

Porém, o resultado desta combinação reflecte-se num peso quase absurdo, na ordem das 4 toneladas – sensivelmente o peso de duas Ford F-150 de cabina dupla, a pick-up mais vendida nos Estados Unidos da América. É por esta razão que, se a GM quisesse comercializar a GMC Hummer EV deste lado do Atlântico, a pick-up eléctrica só teria como potenciais clientes quem fosse portador de uma licença de categoria C, a “carta” que habilita à condução de viaturas motorizadas cuja massa máxima exceda 3500 kg e não se destine a transportar um número de passageiros superior a oito pessoas, excluindo o condutor.

O peso está longe de ser uma pluma, mas outra coisa não seria de esperar, atendendo a que a Hummer EV acomoda um pack de baterias com 200 kWh disposto em “camadas” sobrepostas, no que é uma especificidade da GMC. Ora, esta capacidade é uma “brutalidade” que se justifica pelas mastodônticas medidas da pick-up: 5,51 metros de comprimento, 2,38 m de largura, 2,06 m de altura e uma distância entre eixos de 3,45 m. Atendendo à dimensão deste “monstro” eléctrico, é curioso o vídeo que a GM divulgou para mostrar outra das suas habilidades: a rapidez em arranque parado a atingir as 60 milhas por hora, 96,5 km/h.

Hummer eléctrico anda para o lado como os caranguejos

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A pick-up Hummer tem uma série de soluções curiosas, do “crabwalk” – tipo “andar de caranguejo”, para o lado, pois as rodas traseiras conseguem girar até 10º em qualquer direcção -, passando pelo “modo de extracção”, que basicamente consiste em elevar a altura da suspensão 15 cm para, assim, superar quaisquer obstáculos e atravessar cursos de água sem quaisquer dificuldades (a distância máxima ao solo é de 40,4 cm).

Ora, a este rol de argumentos junta-se o WTF. O acrónimo, dependendo do sentido de humor de cada um, deverá de imediato levar à associação da expressão “what a f…ck”, mas parece que a boa disposição da GM e o politicamente correcto inclinam-se, isso sim, para a abreviatura de ‘Watts To Freedom’, que mais não é do que aquilo que até agora estamos habituados a designar por launch control.

Apreciar o modo como o sistema funciona num colosso de 4 toneladas não deixa de ser impressionante. Desde logo, porque chega a dar arrepios ver a forma como a frente quase se levanta durante o arranque. Depois, porque a linha de chegada é ultrapassada num abrir e fechar de olhos. Convenhamos que 3 segundos de 0 a 96,5 km/h é algo que estamos habituados a achar normal em superdesportivos (os 1500 cv do Bugatti Chiron levam-no a cumprir o sprint de 0 a 100 km/h em 2,4 segundos), mas essa não será certamente a habilidade mais apreciada numa pick-up, carroçaria que originalmente foi projectada como um veículo de trabalho e que, mais recentemente, tem conquistado clientes interessados em actividades de lazer mais radicais, no fora de estrada.

Ainda assim, talvez valha a pena recordar que a Tesla Cybertruck, cujo arranque de produção está previsto para o próximo ano, anuncia para a versão Tri Motor AWD menos de 2,9 segundos de 0-60 mph em e promete uma autonomia acima de 800 km. A produção da GMC Hummer EV deverá arrancar antes, estando o início do fabrico programado para o terceiro trimestre deste ano.