O anúncio da celebração do centenário de José Saramago em Lanzarote, Espanha, na quarta-feira, pretende marcar posição sobre a importância da cultura e dos criadores no lugar que o escritor português elegeu para viver, disse a presidente da fundação. O prémio Nobel da Literatura faria 100 anos em 2022.

A Fundação José Saramago (FJS) e a Comissão do Centenário de José Saramago realizam na quarta-feira de manhã uma conferência de imprensa na biblioteca do escritor, na Casa Tías, em Lanzarote, para anunciar que o seu centenário “será celebrado em Lanzarote, Canárias e Espanha com atenção, dedicação e respeito“, disse à Lusa, por escrito, a presidente da fundação e companheira do escritor por mais de 20 anos, Pilar del Río.

“Esta conferência tem mais a ver com a declaração de uma posição do que com o anúncio de eventos específicos – que suponho que irão adiantar -, e isso é notável”, respondeu, questionada sobre atividades ou iniciativas previstas no âmbito das celebrações.

Para a responsável da FJS, trata-se mais de “manifestar uma posição” quanto à necessidade de dar mais importância à cultura, uma área fundamental na vida de todos, como ficou claro durante os confinamentos impostos pelo combate à pandemia de Covid-19.

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“O meu papel, em Lanzarote, também em Portugal, e em tantos outros lugares, é agradecer. Agradecer aos leitores, sempre, agradecer às instituições que têm em conta a cultura que nos ajuda a reforçar os nossos valores. Como vimos durante a pandemia, a música, o cinema, as séries, os livros têm sido fundamentais, a cultura tem-nos ajudado a sustentar-nos a nós próprios”, assinalou Pilar del Río.

Por isso mesmo, “este evento em Lanzarote, de certa forma, será uma reivindicação de cultura e uma manifestação de gratidão pelo que significou nas nossas vidas nestes tempos sombrios“, acrescentou.

A importância da escolha desta ilha das Canárias para fazer o anúncio foi explicada pela importância que lhe foi dada pelo próprio José Saramago, que, “de todos os lugares do mundo, escolheu Lanzarote para viver”.

“Agora, como amor com amor se paga, anuncia-se que a cultura importa e que é importante reconhecer os criadores em Lanzarote. Uma grande homenagem, emotiva e comovente“, sublinhou.

Durante a sessão de apresentação do centenário, tomarão a palavra, além de Pilar del Río, o presidente do município de Tías, José Juan Cruz, a presidente do Cabildo de Lanzarote, María Dolores Corujo, e o presidente das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres.

A conferência, que não terá direito a perguntas, será encerrada pelo presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez.

Adicionalmente, marcarão também presença o ex-presidente do Governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, a conselheira de Educação do Governo das Ilhas Canárias, Manuela de Armas, o vice-conselheiro da Cultura do Governo das Ilhas Canárias, Juan Márquez, o conselheiro para a Cultura do Cabildo de Lanzarote, Alberto Aguiar, o conselheiro para a cultura da Câmara Municipal de Tías, Pepa González, e o diretor da Casa Museu José Saramago, Javier Pérez.

Em Portugal, cinco conferências sobre José Saramago, comissariadas pelo escritor argentino Alberto l, destacam-se no programa das comemorações do centenário de nascimento de José Saramago, que se assinala a 16 de novembro de 2022, como foi anunciado em junho, em Lisboa.

Consolidar a presença do escritor na história cultural e literária, em Portugal e no estrangeiro, e prestar homenagem à sua figura como cidadão são objetivos das comemorações, cujas “linhas gerais” foram anunciadas no começo de junho, na Fundação José Saramago, na presença do comissário da iniciativa, Carlos Reis, e da presidente da Fundação, Pilar del Rio.

A 16 de novembro próximo, dia em que o escritor que venceu o Nobel da Literatura em 1998 completaria 99 anos, 100 escolas do ensino básico em Portugal promoverão a leitura, em simultâneo, do conto infantil do escritor “A Maior Flor do Mundo”, numa parceria entre a Fundação José Saramago, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura.