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"A dar tudo por Oeiras" e "sem missões impossíveis". O que Alexandre Poço fez para não ser um "político que se leva demasiado a sério"

Este artigo tem mais de 3 anos

Alexandre Poço diz que já há "políticos suficientes a levarem-se demasiado a sério" e quer fazer parte da mudança para mostrar que os políticos são de "carne e osso". Pelo caminho, riu-se dos memes.

Um homem de fato, sem gravata, deitado de perna cruzada, a posar para a fotografia e de sorriso no rosto. A descrição poderia ser de qualquer anúncio publicitário pelas ruas do país, mas trata-se mesmo de um outdoor de uma campanha eleitoral do PSD. E há mais: um cartaz em que esse mesmo homem aparece a fingir ter uma arma na mão, e outro em que imita o James Bond.

O protagonista da campanha que está a dar que falar em todas as redes sociais, que já deu azo a dezenas de memes e que se tornou um assunto trending no Twitter é Alexandre Poço, deputado e candidato do PSD à Câmara Municipal de Oeiras. O mote da campanha é #adartudoporoeiras.

Além dos cartazes espalhados pela vila, o social-democrata lançou ainda um site onde procura responder à questão “Por que raio devo votar no Poço?” As hipóteses são mais do que muitas, desde “Porque vai plantar uma árvore por cada voto que tiver” até ao “Autocarros de borla, curtes?”, passando pela promessa de que vai levar a Web Summit para Oeiras e até descer os impostos e tornar mais fácil o empreendedorismo. Cada pergunta tem a ligação direta para um GIF ou um site.

Entre as brincadeiras, o candidato do PSD diz que tem 1,92m e que “pessoas altas são de confiança”, ao dirigir os eleitores para uma página do Reddit sobre o tema e prometeu que em caso de vitória “pagava imperiais a toda a gente”. Ao clicar em cima do link, a justificação de um site brasileiro sobre os “15 benefícios da cerveja para a saúde”.

No final, o desabafo: “Pah, se ainda não estás convencido, já nem sei.”

Em declarações ao Observador, Alexandre Poço conta que tinha em mente “dois desafios” para a campanha, primeiro “contrariar a ideia pré-estabelecida de que esta é uma missão impossível” e segundo “provar que os políticos não são todos iguais” e que é possível a geração de que faz parte “intervir na política com alguns códigos culturais próprios do nosso tempo”. Foi o que fez ao usar uma linguagem informal ao longo de todo o site, com o intuito de “colorir o cinzentismo e romper com o banal”. Pelo caminho, uma farpa aos colegas de profissão e até de direita: “Já temos políticos suficientes a levarem-se demasiado a sério, nomeadamente à direita.”

O social-democrata quis fazer diferente, mostrar que “é de carne e osso” e que tem “sentido de humor” e justifica-o com o facto de as pessoas estarem “cansadas de votar em retratos feitos”.

Nos cartazes em que surge a representar James Bond, ao escrever “Poço, Alexandre Poço”, numa referência à apresentação do agente secreto 007, e também onde diz que “não há missões impossíveis”, o candidato a autarca garante que se trata apenas de um “jogo estético assumido”, em que se pretende mostrar que “a política pode ser agradável”, “pode ser pop”.

Contudo, e confrontado com o facto de este tipo de iniciativas poder ser levar a julgamentos, Alexandre Poço recusa a ideia de que se trata de uma brincadeira. “Eu não brinco com Oeiras nem com o meu país”, atira, frisando que há conteúdo na campanha e “boas propostas”. Mas garante que o espírito “bem-disposto e interativo” do site é para manter, apesar de ir apresentar lá o seu programa e de ter esperança que as pessoas possam manter a curiosidade.

Apesar da campanha visivelmente jovial assinada pela Agência MaPa, o deputado do PSD recusa que esta seja apenas direcionada para os jovens, ao argumentar que não existem públicos-alvo, mas sim uma “campanha ‘catch all’“, em que não tem medo que as pessoas do partido não entendam. E mesmo que tenham, atira: “Como se costuma dizer, primeiro estranha-se, depois entranha-se.”

E como o sentido de humor vale para todos, Alexandre Poço admite que se riu bastante das dezenas de memes que circulam devido à campanha: “Não levo nada a mal, fico satisfeito que tenha o efeito pretendido”, garante, certo de que o trabalho será “reconhecido no final”.

“Perante um mundo cheio de emergências, há uma apatia generalizada. A minha geração vota pouco. Metade do país não vota. Isso não se resolve a repetir a fórmula, resolve-se a tentar coisas novas. Todas as eleições ouvimos o mesmo: precisamos de combater a abstenção e levar as pessoas a participar, ora se queremos tentar responder diferente e contribuir para esse bem maior, temos de parar de repetir os erros do passado. Portanto, inovámos na fórmula à procura de resultados”, explica o social-democrata.

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