Foi uma das imagens mais surreais dos sete dias que colocaram Lionel Messi fora do Barcelona e dentro do plantel do PSG. Segundo Jaume Llopis, agora ex-presidente da Espai Barça, um projeto dentro da direção do clube catalão, Joan Laporta estava a jantar uma mariscada com Florentino Pérez enquanto os adeptos blaugrana lamentavam a saída do argentino ao fim de 20 anos. Mais: para Llopis, não existem quaisquer dúvidas de que o presidente do Real Madrid teve influência na decisão do presidente do Barcelona.
“Não entendo este relacionamento cordial com o presidente do Real Madrid. É incompreensível que enquanto os fãs de Barcelona choravam a partida de Leo Messi, Laporta estava numa mariscada com o presidente do Real Madrid. Laporta foi pressionado pelo seu CEO [Ferran Reverter] e Florentino convenceu-o. Os dois convenceram-no que tinha de deixar Messi ir embora e não assinar com a CVC [o fundo que comprou 11% da liga espanhola]”, disse o antigo dirigente catalão, que apresentou a demissão na sequência da saída de Messi e que ainda garantiu que o Barcelona “não fez tudo o que podia” para manter o capitão.
Ora, já esta quarta-feira, no dia da apresentação de Lionel Messi no PSG, Florentino Pérez reagiu às acusações e rejeitou qualquer influência em todo o processo. “É rotundamente falso que mantenha uma amizade uma amizade com o CEO do Barcelona, Ferran Reverter, já que é uma pessoa com quem estive apenas duas vezes na minha vida. Uma há quatro meses e outra no sábado passado, na reunião que teve lugar em Barcelona com o presidente Joan Laporta e o presidente Andrea Agnelli, quando já tinha sido feita a comunicação oficial sobre Messi. Portanto, é impossível que tenha tido alguma influência na saída de Messi ou em qualquer outra decisão do Barcelona”, explicou, em comunicado, o presidente do Real Madrid, acrescentando ainda que espera que Jaume Llopis “retifique o quanto antes estas declarações que não correspondem à verdade”.
Certo é que, independentemente de terem ou não conjunturado a saída de Messi, Joan Laporta e Florentino Pérez têm algo em comum. No mesmo verão e ambos a custo zero, perderam os capitães do Barcelona e do Real Madrid para um PSG que apareceu como solução para longas e complexas negociações de renovação de contrato. Tanto Sergio Ramos como Lionel Messi deixaram os clubes que representaram durante largos anos para se juntarem a um projeto baseado na capacidade financeira e com o grande (e praticamente único) objetivo de conquistar a Liga dos Campeões. Para trás, ficaram os históricos mas cada vez menos poderosos clubes espanhóis. E resta saber o que vão fazer, um e outro, para se reinventarem depois de perderem os dois nomes que carregavam nas costas o espírito de cada emblema.