Na semana passada, logo depois de perder contra o Tottenham na primeira jornada da Premier League, Pep Guardiola fez uma análise simples ao que se tinha passado em Londres. “Fico sempre com a sensação de que jogamos muito bem aqui mas nunca conseguimos obter resultados”, disse o treinador do Manchester City. Uma semana depois, porém, Guardiola já tinha uma versão diferente.
“Gostaria de ver a equipa melhorar em muitos aspetos, comparando com o jogo contra o Tottenham. Gostaria de que melhorassem as distâncias entre linhas, a eficácia para não perder bolas simples, a condição física, o detalhe no último terço, a defesa das bolas paradas. Há milhares de coisas que não conseguimos trabalhar no espaço de uma semana mas falamos sobre tudo e vamos ver se conseguimos fazer melhor”, explicou Guardiola na antecâmara da receção deste sábado ao Norwich.
Na segunda jornada da Premier League, depois de ter visto não só o Tottenham mas também o Liverpool, o Manchester United, o Chelsea e o Leicester a alcançarem vitórias convincentes, o Manchester City precisava de conquistar pontos para perder terreno pelo segundo fim de semana consecutivo. Ainda sem Phil Foden, De Bruyne, ambos lesionados, Guardiola já podia contar com Gündoğan e desenhou um onze com os três portugueses — Rúben Dias, João Cancelo e Bernardo Silva. Rodri, Ferran Torres e Gabriel Jesus também eram titulares, assim como o reforço Jack Grealish, e Fernandinho, Mahrez e Sterling começavam no banco. No Norwich, para além da vedeta Teemu Pukki, o destaque era o jovem médio Billy Gilmour, o talentoso escocês de 20 anos que está emprestado pelo Chelsea.
A verdade é que, no Etihad, dificilmente o City poderia ter feito uma primeira parte mais à City. A equipa de Guardiola dominou por completo os 45 minutos iniciais e empurrou o Norwich para o próprio meio-campo através de uma pressão intensa e de uma óbvia qualidade individual que era muito superior. Ao contrário do que seria de esperar, Gabriel Jesus não atuava no centro do ataque, a ‘9’, e deixava esse espaço para Torres, partindo do lado direito para fazer estragos em zonas interiores, sempre apoiado por Bernardo. Na esquerda, Grealish procurava desequilibrar através da segurança que Gündoğan lhe garantia nas costas e combinava com Cancelo, que subia muitas vezes ao longo do corredor.
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O Manchester City abriu o marcador ainda dentro dos primeiros 10 minutos e através de um autogolo de Tim Krul: Gabriel Jesus recebeu no peito um grande passe na área e procurou cruzar mas a bola bateu no central Hanley e ressaltou para o guarda-redes Krul, que não conseguiu evitar o golo (7′). Pouco depois, Ferran Torres também marcou mas o golo foi anulado pelo VAR, que considerou que Bernardo fez falta sobre Rashica num ponto anterior da jogada (17′). Até ao fim da primeira parte, Jack Grealish ainda se estreou a marcar pelo novo clube — e logo no primeiro jogo em casa, no Etihad — ao desviar, quase inadvertidamente, mais um cruzamento de Jesus na direita (22′). Ao intervalo, o City vencia tranquilamente e o Norwich ainda nem sequer tinha feito um remate, enquadrado ou desenquadrado.
Na segunda parte, Guardiola trocou Bernardo e Gündoğan e colocou o médio português na esquerda, algo que acabou por dar uma dimensão superior ao ataque do Manchester City. Bernardo jogava mais perto de Grealish do que o alemão havia feito durante toda a primeira parte e oferecia largura até à linha de fundo, levando consigo um defesa e deixando muito espaço livre em zonas interiores para o inglês poder explorar. Gabriel Jesus continuou a realizar uma boa exibição, o City dominava por completo a partida, o Norwich quase não passava do meio-campo e Guardiola decidiu forçar ainda mais, trocando Torres por Sterling, com o avançado a ir ocupar a posição ‘9’. Instantes depois, apareceu o terceiro golo.
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Na sequência de um canto batido na esquerda e depois de vários ressaltos, incluindo uma luta de Rúben Dias contra dois adversários, a bola sobrou para Laporte, que rematou para bater novamente Tim Krul (64′). Com o jogo praticamente sentenciado, Guardiola tirou Gündoğan, que teve alguns problemas físicos durante a semana, e lançou Cole Palmer, médio de 19 anos da formação dos citizens. Sterling elevou os números para a goleada, com Kyle Walker a abrir na direita com um passe vertical, Jesus a aparecer novamente muito bem a cruzar para a área e o inglês, muito atento, a encostar para dentro da baliza (71′). Até ao fim, Rúben Dias ainda serviu Mahrez, que entretanto tinha entrado para o lugar de Grealish, e o argelino fechou as contas (84′). O primeiro e único remate do Norwich apareceu aos 78 minutos, por intermédio de Rashica, e passou por cima da baliza de Ederson.
O Manchester City reagiu da melhor maneira à derrota com o Tottenham na primeira jornada e goleou o Norwich da forma mais característica possível, permitindo um ou dois ataques ao adversário. E o truque de Guardiola acabou por ser simples: Gabriel Jesus, um ‘9’ por natureza, não jogou a ‘9’. O brasileiro realizou uma exibição acima da média a partir da direita, foi o elemento mais importante do ataque da equipa e fez três assistências em cinco golos — sendo que, na época passada e ao longo de todas as competições, tinha feito quatro.
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