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"Tudo o que é preciso para decorar uma casa". O Santo Infante é um ponto de encontro para meia centena de marcas portuguesas

Este artigo tem mais de 3 anos

A dupla de irmãos fundadores quer que o novo espaço em Lisboa vá além da simples compra do produto português. O Santo Infante terá consultoria e projetos de interiores próprios com marcas nacionais.

Paz Braga, juntamente com o seu irmão Gonçalo, é a fundadora do espaço
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Paz Braga, juntamente com o seu irmão Gonçalo, é a fundadora do espaço

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Paz Braga, juntamente com o seu irmão Gonçalo, é a fundadora do espaço

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

“Não gosto de chamar a isto uma loja, mas sim um espaço” — são palavras de Paz Braga, responsável pelo novíssimo Santo Infante, a par com o seu irmão Gonçalo. Não é loja porque quer ser muito mais que uma montra de marcas, mais que um sítio para chegar, olhar e comprar, Aqui, a dupla criou um destino de compras lisboeta apenas com marcas portuguesas a comporem as prateleiras e os catálogos que guardam o que não tem espaço para ser exposto. E vai mais além: a ideia é que a nova morada seja também espaço para pôr em marcha consultoria, projetos de interiores 100% nacionais e, brevemente, workshops.

Gonçalo vem da gestão e está mais entregue a essa parte do negócio, Paz fica com a parte criativa, até porque foi a arquiteta que fechou o círculo daquilo que seria o Santo Infante. Viveu uma década no Brasil, onde exerceu arquitetura por lá, mas em 2016 Paz voltou a Portugal e percebeu que o mercado de marcas nacionais, sobretudo ligadas ao design, estava a crescer e havia “produtos incríveis e de ótima qualidade”, conta. A vontade de começar a incorporar essas marcas nos seus projetos de interiores era mais que muita, mas os timings de clientes e os timings de conseguir reunir as melhores marcas e as respetivas peças não coincidiam e, portanto, estava clara “a lacuna que havia no mercado”.

Era preciso tempo, tempo para olhar para o que havia e reunir tudo — primeiro numa longa lista, depois — e por que não — num espaço físico.  “Demorei um ano a mapear tudo isto, e achei que isto era altura ideal para apostar nesta ideia, as marcas precisam de impulso também”, conta. “A pandemia veio e ajudou as pessoas a perceber duas coisas: primeiro a valorizar mais a própria casa, e depois a valorizar mais aquilo que é português. As marcas portugueses têm muito bom storytelling e têm muito cuidado. As peças contam histórias, então são essas histórias que nós também queremos contar.”

A loja tem de momento 54 marcas portugueses mas o objetivo é até ao final do ano reunir uma centena ©João Pedro Morais/OBSERVADOR

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

A ideia é “conseguir ter tudo o que é preciso para decorar uma casa”, diz, desde copos, pratos, cerâmica, mobiliário, iluminação ou têxteis, para facilitar de alguma forma o trabalho do cliente. E é essa visão que se tem quando se entra pelo Santo Infante adentro, um espaço com muita luz e minimalista, que expõe os produtos de forma a que sejam eles a estrela que mais brilha em cada prateleira e estante de madeira — construídas por Irena Uebler que tem marca sediada no Porto. Para já, o espólio recolhido por Paz alberga já 54 marcas nacionais, mas este número não se vai ficar por aqui, até porque até ao final do ano a empresária e fundadora quer chegar à centena de marcas portuguesas.

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“Queremos que isto seja um espaço dinâmico e de encontro, entre clientes e marcas, entre as próprias marcas, e nós somos aqui mediadores de relações muito interessantes”, explica. A arquiteta quer que se criem o máximo de sinergias possíveis e que nasçam muito em breve peças exclusivas Santo Infante, criadas de propósito para o espaço — como é o caso da tapeçaria de Rita Sevilha já exposta numa parede — mas também para consumidores finais que tenham esse desejo.

A loja tem 50 marcas portuguesas de momento, sendo que algumas não estão expostas ©João Pedro Morais/OBSERVADOR

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Por lá, encontram-se cerâmicas e acessórios da Vicara, vários animais do Laboratório d’Estórias, uma parede com as máscaras da Grau Cerâmica, candeeiros da Musgo e de Patrícia Lobo, os coloridos tapetes da Gur e as saudosas toalhas Torres Novas. Há também velas da Casa Bohémia, guardanapos de linho da Bicla, mobiliário da Ghome, da Util ou da Olaio, almofadas da Rita Kroh ou da Mazurca, objetos da Tosco, pinturas de Branca Cuvier ou ilustrações de Carolina Celas ou Teresa Rego.

E já que foi para pensar a coisa a sério, até a tipografia usada para o espaço foi pensada por um dos designers a trabalhar no Santo Infante, Afonso Almeida, que escolheu uma fonte de tipógrafo Mário Feliciano para tornar a morada num verdadeiro santuário do que é nacional.

Não querendo então chamar-lhe loja, porque isso traria também monotonia ao negócio, Paz quer estar em constante mudança e a criar o fator novidade e estar sempre a “pôr o espaço a mexer”. “Mesmo que não venham para criar algum projeto de interiores, nós vamos sempre ajudar e dar conselhos, vamos sempre contar as histórias das marcas, é para isso que cá estamos”, diz.

A ideia é ir criando sinergias entre marcas para nascerem peças exclusivas Santo Infante ©João Pedro Morais/OBSERVADOR

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Vão começar por ter listas de casamento, que tem sido um detalhe que a arquiteta tem notado em alguns clientes que procuram peças para oferecer nessa ocasião. Outra das coisas que optaram por fazer foi doar o dinheiro dos sacos — que com a nova lei têm de ser cobrados — à associação Just a Change, que reabilita casas para melhorar condições de habitabilidade de quem mais precisa.

Os bastidores de um catálogo português

E se “lá em cima está o tiro-liro-liro” — pode ler-se na escadaria —, lá em baixo está um espaço de cowork com dez lugares, estando quase todos eles já ocupados. É aqui que Paz diz pôr em prática grande parte do seu trabalho de arquitetura propriamente dito e onde, na verdade, quer dar seguimento num futuro breve a todos os projetos que lhe chegarem já sob a chancela do Santo Infante. Se e maior número estão agora os arquitetos e designers não significa que seja essa a regra: “gostamos de criar o máximo de sinergias possíveis, por isso qualquer pessoa é bem-vinda e pode contribuir para os projetos como puder, somos um espaço colaborativo”, diz.

A ideia da dupla de irmãos não passa apenas por ser um mostruário de produtos, o sonho dos dois é ir mais além e fazer do Santo Infante uma casa para marcas e clientes que precisem de aconselhamento. “Queremos ser um sítio onde existe algo além da compra direta. A ideia é ter um serviço que nos permite fazer consultoria ou projetos de interiores, porque ajudamos a facilitar todo o processo que dá trabalho às pessoas”, diz Paz. “Nós concentramos isso tudo num espaço, e temos uma espécie de catálogo com os materiais e produtos das marcas para o cliente ver, mesmo que não esteja em exposição. Somos uma ponte entre eles e os negócios nacionais, acho que só traz vantagens para todos.”

Ainda na cave, existe uma copa que se transforma em sala de reuniões, onde Paz diz ser um espaço não só para quem ali trabalha diariamente, mas também um espaço disponível para as próprias marcas que precisem de reunir com clientes na hora de projetos personalizáveis, por exemplo.

O espaço está decorado e desenhado de forma minimalista ©João Pedro Morais/OBSERVADOR

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Os irmãos não escondem que este será também um local onde outros arquitetos se possam apoiar na procura de materiais e peças portuguesas, uma vez que o diretório recolhido por Paz servirá para isso mesmo.

Num futuro próximo, vai nascer um site para que o Santo Infante tenha uma loja online com uma oferta semelhante à do espaço físico, que arrancou primeiro “propositadamente” para dar “espaço concreto às marcas”, remata Paz. Também em breve estará disponível uma agenda de workshops com as várias marcas presentes no espólio de Paz e Gonçalo, que pode ir da cerâmica ao têxtil ou ilustração, “desde que seja para meterem as mãos na massa e perceberem o real valor do trabalho de algumas marcas” que por ali fazem cenário.

Avenida infante Santo 23B, Lisboa. : Segunda a sexta 10h às 19h (fechado para almoço das 13h às 14h)/ info@santoinfante.pt. 

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