Em equipa que ganha não se mexe, costuma dizer-se. E, para Sérgio Conceição, em equipa que empata também não. Apesar da igualdade a uma bola frente ao Marítimo na última jornada, o treinador do FC Porto afirmou na conferência de imprensa de lançamento da receção ao Arouca que foi um jogo “bastante positivo”. Mas também foi claro no aviso que deixou: “O próximo jogo é sempre para ganhar”. O mote foi cumprido.

Os dragões entravam para esta partida pressionados após o empate da última jornada e as respetivas vitórias dos rivais diretos, Sporting e Benfica. Já o Arouca tentava retirar algo positivo da partida. “É uma oportunidade para podermos surpreender o FC Porto”, dizia o técnico do Arouca, Armando Evangelista, na antevisão da partida.

Mas o histórico não era favorável: em oito encontros entre FC Porto e Arouca, os dragões tinham vencido sete. Os arouquenses conseguiram surpreender os azuis e brancos uma só vez, no Dragão. Corria a época 2015/2016 e, na altura, venceram por 2-1. Armando Evangelista queria repetir o feito. Mas a equipa de Sérgio Conceição cedo começou a mostrar ao que vinha.

Baile colombiano pouco eficaz não fez sucesso na Madeira (a crónica do Marítimo-FC Porto, 1-1)

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O jogo (sem Corona na ficha de jogo) começou algo confuso e muito dividido. O Arouca tentou impor-se e ainda resistiu. Conseguiu mesmo impedir, durante alguns minutos, o poderio ofensivo característico do FC Porto no início das partidas. Mas o perigo começou a rondar a baliza de Fernando Castro desde os primeiros minutos. Primeiro, por intermédio de Luis Díaz, aos 9′. Valeu o corte da defesa da equipa visitante. Depois, foi Mbemba, que desperdiçou à boca da baliza. O Arouca ia tentando de longe, com incursões de Bukia ou remates de Quaresma.

Mas a muralha caiu aos 24′, quando Uribe marcou o primeiro. Luis Díaz, a partir do centro do terreno, deu a bola a Otávio, que tentou rematar. Mas a bola bateu num defesa do Arouca e sobrou para Uribe. De frente para a baliza, na zona dos livres de grande penalidade, o camisola 8 dos dragões aproveitou e estreou-se a marcar esta temporada. Estava feio o 1-0.

Pouco depois, foi a vez de Taremi. O melhor marcador do FC Porto da época passada ainda não tinha marcado esta temporada. Tudo mudou aos 34′ desta partida. Recuperação na defesa dos dragões, passe de Marcano para Luis Díaz que assistiu longo para o iraniano. O avançado correu para a baliza e, quase em desequilíbrio, conseguiu encostar para o 2-0. Ficou a ideia que tanto a defesa como o guarda-redes do Arouca podiam ter feito mais.

O Arouca continuava a tentar de longe, mas sem grande perigo — perigo que nunca se afastou, por outro lado, da baliza dos visitantes. Otávio quase fez o 3-0 ainda na primeira parte, aos 44′. Mas 2-0 foi mesmo a vantagem levada pelos dragões para o balneário, após 45 minutos de superioridade. As estatísticas mostravam que o Arouca não tinha conseguido qualquer remate enquadrado.

Em equipa que ganha (ao intervalo) também não se mexe

A segunda parte arrancou com muitas diferenças em relação à primeira. Os jogadores eram os mesmos, é certo. Os técnicos não fizeram qualquer alteração. Mas o marcador ditava uma vantagem de 2-0 para o FC Porto e os da casa ainda queriam mais. E cedo o começaram a demonstrar.

Logo aos 50′, inverteram-se os papéis e foi Taremi a tentar oferecer a Luis Díaz. O camisola 7 bem se esticou para rematar dentro da área, mas a bola saiu ao lado da baliza defendida por Fernando Castro. Apesar de não ter mexido ao intervalo, este poderio ofensivo levou Armando Evangelista a fazer substituições logo no início da segunda parte: saíram Arsénio e Leandro Silva, entraram Pité e Tiago Araújo (duas opções ofensivas). O treinador do Arouca ainda queria retirar algo positivo da partida.

Mas foi insuficiente. O FC Porto nunca deixou de criar perigo junto à baliza do Arouca e, aos 63′, foi Marcano a fazer o gosto ao pé. Ou à barriga: o defesa aproveitou um remate cruzado de Pepe, após livre, e encostou como pôde para o golo. O lance ainda esteve a ser revisto, mas foi validado pela equipa de arbitragem. 3-0 no Dragão.

O Arouca aproveitava os contra-ataques ou as bolas paradas para tentar reduzir a desvantagem. Aos 67′, a equipa visitante quase chegou ao golo. Mas Taremi, que já tinha marcado, fez de defesa e afastou o perigo.

Até ao fim, o jogo tornou-se cada vez mais frenético. O FC Porto queria mais; o Arouca ia resistindo como podia. Pepê, que tinha entrado há pouco, ainda chegou a introduzir a bola na baliza, aos 68′, mas o lance foi anulado por fora de jogo. Depois, foi Luis Díaz a tentar chegar ao golo. Aos 73′, recebeu uma boa bola, mas perto da área rematou demasiado por cima. Adivinhava-se o quarto dos dragões. Mas nunca chegou a acontecer (apesar da insistência).

Um regresso e várias estreias

Aos 60′, Sérgio Conceição lançou Vitinha. O médio voltou a jogar pelo FC Porto mais de um ano depois: o  último jogo pelos portistas tinha sido em julho de 2020, frente ao Moreirense. Na última temporada esteve emprestado ao Wolverhampton. E mais um destaque desta partida, novamente por intermédio de uma substituição: Wendell estreou-se pelos dragões. Sérgio Conceição lançou o lateral esquerdo aos 85′, para o lugar de Mbemba.

Do lado do Arouca, também houve tempo para duas estreias: as de Tiago Esgaio e Oday Dabbagh, que entraram na segunda parte.

Até ao fim, o jogo (tal como em toda a duração) foi de sentido único. Mas o marcador não voltou a alterar-se: 3-0, resultado aos 90′. Após o apito final, os dragões regressavam às vitórias e somavam 10 pontos no campeonato. O Taremi de 2020/2021 (melhor marcador dos dragões) regressou e sorriu: marcou e fez um grande jogo, tanto a nível ofensivo como defensivo. Luis Díaz, que apesar de não ter marcado, assistiu para golo. Saiu com muitos aplausos dos cerca de 15 mil adeptos que estiveram nas bancadas. E Sérgio Conceição cumpriu o que prometera: “O próximo jogo é sempre para ganhar”.

Já o Arouca somou mais uma derrota no campeonato, depois de desaires frente ao Benfica e Estoril. Ao fim de quatro jornadas, os arouquenses somam apenas uma vitória na Primeira Liga: 2-1 em casa frente ao Famalicão.

Esta foi a última partida antes do fecho do mercado de verão e da paragem das Seleções. Otávio, que também fez um grande jogo e dispôs de várias oportunidades, pode estrear-se por Portugal. No final da partida, em declarações à SportTV, confessou estar “muito feliz” e prometeu dar tudo pela equipa portuguesa.