O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, considerou esta segunda-feira que o desmontar do Hospital de Campanha do INEM representa um momento de “esperança na batalha” contra a Covid-19.
“Hoje [segunda-feira] é um dia simbólico e um dia de esperança nesta batalha contra a Covid-19”, afirmou Fernando Araújo.
Em declarações aos jornalistas, o presidente do CHUSJ disse que aquela infraestrutura do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), com mais de 210 metros quadrados, foi uma “abordagem inovadora” na triagem e orientação de doentes menos graves que, infetados com a Covid-19, chegavam ao hospital.
Instalado desde 7 de março de 2020 no CHUSJ, nas seis tendas amarelas que compunham aquele Hospital de Campanha trabalharam durante as várias vagas da Covid-19 “centenas de profissionais de várias especialidades” e passaram “dezenas de milhares de utentes”.
Segundo Fernando Araújo, a decisão de desmontar o Hospital de Campanha do INEM prendeu-se com o facto de, neste momento, a situação “estar estabilizada do ponto de vista de afluxo” e de o São João ter uma “resposta estruturada”.
Não entendemos que [o desmontar] seja prematuro face ao que temos previsto da evolução da própria pandemia e ao que as próprias entidades de saúde preveem, e, acima de tudo, isto foi um plano de contingência, era necessário dar uma resposta em poucos dias a um número elevado de doentes”, referiu.
Admitindo que o hospital se encontra numa “forma diferente de estar”, Fernando Araújo afirmou que o plano de contingência, que pressuponha a existência daquela infraestrutura, “deixou de ser necessário”.
É um sinal de enorme esperança para o futuro. Temos ao longo deste ano e meio sofrido alguns problemas e contingências em termos de país, mas conseguimos superar. Acho que podemos olhar para o futuro de forma diferente e muito positiva“, realçou.
O Hospital de São João, que “nunca parou” e onde a retoma das cirurgias e consultas é “efetiva”, prepara-se agora para o próximo inverno.
Neste momento estamos a trabalhar no próximo inverno, não apenas na questão da Covid-19, na questão dos outros agentes respiratórios que possam provocar doença e [para os quais] tenhamos de ter circuitos e formalidades diferentes”, avançou.
O presidente do Conselho de Administração do CHUSJ disse ainda não ser “necessário” voltar a montar aquela infraestrutura face à aproximação do inverno.
No nosso caso já não será uma necessidade. O hospital ficou preparado, fez investimento em infraestruturas, equipamentos, pessoas e vamos continuar numa nova fase desse investimento de forma que o próximo inverno possa ser trabalhado com antecipação, preparação e acompanhamento”, garantiu.
Pelas 11h30, cinco técnicos do INEM desmontavam as últimas duas tendas que ao longo de 18 meses e até sexta-feira auxiliaram na resposta do Serviço de Urgência daquela unidade hospitalar.
No exterior do hospital mantêm-se os contentores, onde há “uma triagem avançada e um circuito separado para doentes com patologia respiratória”, até serem, posteriormente, inseridos no ciclo normal do hospital.
Também aos jornalistas, o presidente do Conselho Diretivo do INEM, Luis Meira, afirmou que a infraestrutura foi “um exemplo excelente” da resposta entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o Sistema Integrado de Assistência Médica numa “luta que foi de todos, que foi difícil e que ainda continua”.
Apesar deste sinal de grande esperança que estamos aqui também a querer dar, todos ainda temos a nossa parte para fazer com a garantia de que é possível confiar nas instituições”, afirmou.
Rejeitando tratar-se de uma decisão prematura, Luis Meira garantiu, contudo que, caso seja necessário, “no espaço de poucas horas” o INEM poderá “voltar a implementar uma estrutura semelhante”.
Estamos a monitorizar em permanência aquilo que vai acontecendo, estamos obviamente a acompanhar a evolução da pandemia. A pandemia ainda persiste, não desapareceu porque se desmontaram meia dúzia de tendas. Como disse, ainda temos muito para fazer. O português tem ainda a sua parte para fazer e diria que parte dela é confiarem nas autoridades de saúde”, acrescentou.
A Covid-19 provocou pelo menos 4.500.620 mortes em todo o mundo, entre mais de 216,34 milhões de infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.721 pessoas e foram contabilizados 1.034.947 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.