Portugal teve em julho uma subida de 59,6% no número de hóspedes (um total de 1,6 milhões) e 71,9% no número de dormidas (4,5 milhões) face ao mesmo mês do ano passado, de acordo com os dados da estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística. Em julho de 2020 tinham sido 1 milhão de hóspedes e 2,6 milhões de dormidas. Os níveis atingidos agora “foram, no entanto, inferiores aos observados em julho de 2019” — diminuiu tanto o número de hóspedes (-42,5%) como de dormidas (-45%).

O habitual corrupio de turistas estrangeiros ainda não está de volta, mas há bons sinais do mercado interno: “Comparando ainda com julho de 2019, observa-se um crescimento de 6,4% nas dormidas de residentes e um decréscimo de 67,6% nas dormidas de não residentes“, adianta o INE. O mercado nacional representa ainda 59% do total.

Para que se tenha uma ideia do caminho que ainda há para percorrer, houve apenas um pouco mais de dormidas em julho deste ano do que em novembro de 2019, mês em que habitualmente o turismo afunda abruptamente.

A pandemia continua, portanto, a condicionar fortemente a atividade turística no país, com o INE a sinalizar que, “em julho, 19,1% dos estabelecimentos de alojamento turístico estiveram encerrados ou não registaram movimento de hóspedes“. Apesar de tudo, um pouco melhor do que em junho, quando 26% se encontravam nessas circunstâncias. Já em julho de 2020, eram 27,6%.

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As dormidas na hotelaria, que representam oito em cada 10 dormidas em Portugal, aumentaram 76,3% (embora a quebra tenha sido de 46,3% face a julho de 2019), número semelhante ao dos estabelecimentos de alojamento local, que cresceram 75,2% (queda de 48,5% face ao julho de 2019). O turismo no espaço rural e de habitação aumentou 26,1% face ao mesmo mês do ano passado e cresceu mesmo 0,8% face a julho de 2019, a reboque do mercado nacional.

Por região, “o Algarve concentrou 34,5% das dormidas em julho, seguindo-se o Norte (15,5%), a Área Metropolitana de Lisboa (14,6%) e a Região Autónoma da Madeira (12,1%)”, indica o INE.

Se a conta for feita a sete meses, os números deste ano são mesmo piores do que no mesmo período de 2020, porque as variações “são influenciadas pelo facto de nos dois primeiros meses de 2020 não se ter ainda feito sentir o impacto da pandemia”. Ou seja, se em janeiro e fevereiro de 2020 Portugal ainda não estava a lidar com o coronavírus, este ano o país esteve boa parte desse período em confinamento. Há, por isso, uma redução de 2,4% das dormidas de janeiro a julho, embora com diferenças importantes: entre residentes em Portugal há um crescimento de 31,7%, mas que não chegam para compensar a quebra sentida nos não residentes, de 30,7%.

Nesse período de sete meses, 87,5% das dormidas de turistas que vieram do estrangeiro foram provenientes de 17 mercados, quase todos em queda face ao ano anterior — tendo em conta aquela diferença nos primeiros dois meses do ano, porque se o mês de julho for visto de forma isolada, todos aqueles mercados tiveram crescimento.

As maiores quebras foram sentidas por parte dos mercados do Canadá (-91,5%), da China (-85,7%) e do Brasil (-72,8%). E entre os maiores clientes, houve quebras de 25% do Reino Unido, 10,9% de Espanha e 5% de França. Já Bélgica (30,2%), Suíça (35,9%) e Polónia (103,8%) apresentaram subidas.

Alojamento turístico com quedas de 16% em hóspedes e 19% em dormidas até junho

As dormidas na Área Metropolitana de Lisboa tiveram uma quebra de 28,7% nos primeiros sete meses do ano, a Madeira 7,4% e o Norte 2,8%. As outras regiões tiveram crescimentos face ao mesmo período do ano passado — os Açores 75%, o Alentejo 16,8%, o Centro 8,6% e o Algarve 8,4%.

O panorama é substancialmente diferente se tivermos em conta apenas o mercado nacional, com destaque para Madeira (+136%), Açores (+99,9%) e Algarve (+54,6%). A única região que, nesses sete meses, apresentou uma subida no turismo externo é o território açoriano (+31,8%). A maior quebra de turistas estrangeiros teve lugar na Área Metropolitana de Lisboa (-46,9%).

Ainda numa comparação aos primeiros sete meses do ano, mas face a 2019, há uma quebra ainda maior, de 67,4%, com destaque para os não residentes (uma descida de 82,1%), mas aqui nem o mercado nacional escapa, com uma quebra de 31,5%.