A Comissão da Tradução da Bíblia para a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) divulgou hoje ‘online’ a nova edição do Livro de Isaías, do Antigo Testamento, sétimo livro a ser disponibilizado para consulta e sugestões no âmbito deste novo projeto.
Depois da Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios, em agosto, que se seguiu aos quatro Evangelhos e aos Salmos, o Livro de Isaías dá sequência a um trabalho que deverá estar concluído em 2024.
O projeto foi lançado em 2012, pela Conferência Episcopal Portuguesa, tendo em conta a necessidade de fazer uma revisão das traduções dos textos bíblicos usadas na liturgia.
Em declarações anteriores à agência Lusa, o padre Mário Sousa, coordenador da Comissão da Tradução da Bíblia para a CEP – substituiu nas funções o então bispo de Viana do Castelo, Anacleto Oliveira, que morreu num acidente de viação em setembro de 2020 -, disse o objetivo é disponibilizar ‘online’ “um livro no início de cada mês, alternando entre os livros do Antigo Testamento e do Novo Testamento”.
Com esta publicação ‘online’, a Comissão espera receber contributos do público, por forma a dotar cada um dos livros de maior compreensibilidade no texto final.
“O projeto prevê que cada livro seja mantido ‘online’ para recolha de contributos durante dois meses, de maneira a não estender no tempo a atenção dedicada a cada livro e, por outro lado, a permitir a concentração das atenções e da leitura no livro que é disponibilizado em cada mês. No entanto, é possível receber contributos e considerá-los até à publicação definitiva da Bíblia”, acrescentou o padre Mário Sousa à agência Lusa.
A CEP abalançou-se neste projeto, com a meta de chegar a “uma nova tradução para uso oficial da Igreja Católica em Portugal e, futuramente, nos outros Países Lusófonos em que se segue a tradução portuguesa dos livros litúrgicos — Angola, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor”, referia a introdução do então bispo Anacleto Oliveira ao volume “Os Quatro Evangelhos e os Salmos”, editado em janeiro de 2019.
O padre Mário Sousa especificou à Lusa que esta é uma resposta, “por um lado, à necessidade há muito sentida de fazer uma revisão das traduções dos textos bíblicos usadas na liturgia, que apresentam omissões, imprecisões e até erros de tradução; por outro, à recomendação da Santa Sé de que a tradução litúrgica abranja toda a Sagrada Escritura (o que neste momento não acontece, pois só estão traduzidos os textos usados na liturgia), de modo a que possa ser utilizada em todos as dimensões da vida eclesial (liturgia, catequese, pastoral caritativa, documentos oficiais de Igreja, etc.)”.
O coordenador da Comissão adiantou que a tradução segue dois critérios fundamentais.
“Ser literal, ou seja, transmitir o melhor possível o que os textos exprimem nas línguas originais (hebraico, aramaico e grego), para o que procura ter presente não apenas o texto e o mundo do texto, mas também o mundo por detrás do texto (por exemplo: o Novo Testamento foi escrito em grego, mas a estrutura mental do autor bíblico não é grega, mas semita, pelo que, embora as palavras sejam gregas, o seu conteúdo tem muito mais a ver com o pensamento hebraico do que com o grego), e, ao mesmo tempo, compreensível para os leitores e, sobretudo, ouvintes de hoje, visto tratar-se de um texto que também se destina a ser proclamado”, disse.
A tarefa envolve 34 biblistas da Associação Bíblica Portuguesa e de países de língua oficial portuguesa, nomeadamente Brasil, Angola e Moçambique. A tradução do Novo Testamento deverá ficar concluída já no próximo ano, e a do Antigo Testamento em 2024.
Os leitores podem fazer chegar à Comissão, através do email, “as achegas que considerem importantes para atingir aquele objetivo”. O leitor “poderá não saber grego nem hebraico para opinar sobre a tradução em si, mas tem a sensibilidade para dizer, por exemplo, que determinada expressão não se entende e que será melhor procurar uma melhor forma de a traduzir”.
O envolvimento do destinatário no processo de preparação desta edição é, assim, uma das inovações do projeto e os livros vão sendo disponibilizados no site da Conferência Episcopal.