Há três anos, quando foi detido em Espanha acusado de sequestro, agressão e ameaça com arma de fogo, Rúben Semedo chegou sempre em silêncio ao tribunal quando surgia perto dos jornalistas, na passagem que fazia com os polícias da viatura das autoridades à entrada do edifício. Agora, em Atenas, o filme foi sempre outro. Tanto que, após o adiamento da audição em primeira instância na terça-feira, o jogador, que seguia algemado, tirou o chapéu e baixou a máscara para gritar a sua inocência. 48 horas depois, na sequência de quatro dias em prisão preventiva, o coletivo de juízes entendeu que podia ser libertado sob fiança de 10.000 euros, estando proibido de sair do país e obrigado a apresentações periódicas numa esquadra.

Rúben Semedo libertado sob fiança de 10 mil euros e proibido de sair da Grécia. “Sou inocente”, disse à saída

Esta sexta-feira, Jeff Ogutsukou, agente artístico nigeriano de 40 anos que foi também acusado pela mesma jovem de 17 anos de violação nessa noite, saiu também em liberdade mediante o pagamento de uma fiança de 5.000 euros com apresentações periódicas. A investigação vai agora continuar a ser feita por parte do Ministério Público, que no final irá analisar se há provas que sustentem a acusação de violação feita pela jovem e que levem o caso para julgamento. Já a imprensa grega continua a revelar pormenores do que se passou em casa do internacional português e também o que foi dito no Tribunal Central de Atenas.

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De acordo com o jornal News 24/7, Rúben Semedo recebeu uma mensagem no Instagram através de um utilizador privado na antecâmara da sua detenção. “Boa sorte na prisão! Dás-me 15.000 euros e eu não digo nada”, dizia. Essa foi um das provas apresentadas pela defesa do jogador numa audição de duas horas e meia onde o jogador admitiu ter mantido relações sexuais com a jovem em causa mas de forma consentida. Sobre a questão da idade, o central referiu que a mesma se tinha apresentado como se tivesse 19 anos.

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Ainda segundo a imprensa helénica, e seguindo aquilo que já tinha sido veiculado por um dos advogados da sua equipa de defesa, Rúben Semedo terá mostrado a estupefação pela acusação a alguns amigos e pessoas mais próximas, dizendo mesmo que a alegada vítima esteve em sua casa no dia seguinte à alegada violação com a amiga de 16 anos, que foi apresentada como testemunha da acusação e que estava também no grupo nessa noite, tendo mesmo ajudado nas limpezas e feito todas as refeições em conjunto. Também como já tinha sido revelado pela defesa, depois da alegada violação a troca de mensagens continuou até que, quando o jogador deixou de responder, terão começado as ameaças de uma acusação junto das autoridades.

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Antes da audição, o jornal Newsbomb revelara também algunas partes do relatório dos exames realizados à denunciante. “Não foram encontradas feridas, hematomas ou lesões recentes nos genitais nem no ânus”, advogava a perícia, abordando ainda dois hematomas detetados no tronco: “Poderão ser resultantes de uma pancada ou de um choque com uma superfície dura. A abrasão poderá ter sido causada por um objeto aguçado. Estas lesões poderão ter sido provocadas na altura do alegado incidente”.

“O meu cliente nega a acusação, lamentando o facto de ter sido exposto e de ter dado uma declaração à força. Quando acusamos alguém deveria ser algo com suporte em algum comportamento. Há evidências sólidas que impedem a acusação”, defendeu no dia seguinte à detenção o advogado de Rúben Semedo, em declarações à saída do Ministério Público de Evelpidon. “Ela própria disse que tinha 19 anos. Quando a virem [a alegada vítima] vocês vão dizer-me se ela parece que tem 17 ou 23-24 anos. Eles estiveram juntos durante 15 horas, é inconcebível que seja acusado de repente de violação. Mas neste momento, o problema não é a idade, o problema é saber se houve algum contacto voluntário”, acrescentou ainda Stavros Georgopoulos.

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“Uma rapariga sozinha procurou-o na sexta-feira à noite, perguntou se poderia ir ter com ele na companhia de uma amiga e depois aconteceu o que aconteceu. Se eu fosse à casa de alguém e se me violassem, sairia imediatamente de lá. Neste caso, ela continuou lá na casa, mandaram vir comida, fumaram shisha e se não tivesse existido esta queixa provavelmente ainda continuariam lá. Não pode ter existido violação, caso contrário ela não teria mandado mensagem [a Rúben Semedo] para se voltarem a encontrar na noite seguinte. Continuaram a comer e beber todos e não ingeriram álcool ou drogas, estiveram sim a ver televisão e a ouvir música”, pormenorizou mais tarde Stavros Georgopoulos, numa entrevista à ANT1.

“Trancou a porta e obrigou-me a ter relações sexuais”: o depoimento da jovem que acusa Rúben Semedo de violação

“Tinha consumido muito álcool e fui deitar-me num dos quartos da casa [de Rúben Semedo]. Acabei por adormecer. Um pouco depois, o outro homem [o suspeito nigeriano de 40 anos, descrito por alguns jornais como agente artístico] entrou e, aproveitando-se do meu péssimo estado, obrigou-me a ter relações sexuais. Mais tarde, depois de ele sair, [Rúben] Semedo entrou no mesmo quarto e, depois de trancar a porta, obrigou-me também a ter relações sexuais”, terá dito antes a vítima no depoimento feito este domingo, que foi corroborado pela amiga que a acompanhava, também ela uma menor de 16 anos. A mãe entregou também às autoridades as roupas que a filha tinha consigo nessa madrugada e o telemóvel. Mais tarde soube-se também que a alegada vítima revelou outros pormenores às autoridades como o facto de Rúben Semedo lhe ter dado um peluche da filha para estar mais tranquila no quarto do jogador.