Uma saída à noite num bar de praia, dois homens e duas mulheres, um convite para terminar o encontro em casa. O SDNA, uma das publicações gregas que avançam com alguns pormenores sobre a alegada violação de Rúben Semedo, traça desta forma o filme das horas que levaram mais tarde à emissão de um mandado de detenção e respetiva prisão do internacional português, que vai aguardar ainda apresentação em tribunal para ficar a conhecer as medidas de coação de que será alvo no âmbito do caso hoje conhecido.

Depois do sonho perdido da Premier, novo caso na Justiça: Rúben Semedo detido por suspeitas de violação de uma menor

Tudo terá acontecido na madrugada de sexta-feira para sábado, sendo que poucas horas depois surgiram as primeiras informações sobre o caso no site Lawandorder.gr, que falava numa queixa por violação feita por uma menor contra “um conhecido jogador de futebol” que tinha passado pelo Departamento Juvenil de Segurança de Ática. A denúncia da jovem, que estava acompanhada pela mãe, foi feita no dia seguinte.

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O SDNA conta que o grupo esteve num bar de praia em Oropos, onde Rúben Semedo estaria com um outro indivíduo, um agente artístico de nacionalidade nigeriana, já depois de se terem encontrado num café. Foi aí que o jogador convidou as duas jovens para irem até sua casa, na zona nobre de Glyfada, onde terá ocorrido a alegada violação. O caso foi relatado durante quatro horas ao Departamento de Polícia de Byron, passando depois para o Departamento de Proteção de Menores da Direção de Segurança de Ática. O Fosononline acrescenta ainda que a jovem, que em algumas publicações chegou a ser descrita como a namorada do internacional, terá dito às autoridades que foi embriagada por Rúben Semedo.

“Tinha consumido muito álcool e fui deitar-me num dos quartos da casa [de Rúben Semedo]. Acabei por adormecer. Um pouco depois, o outro homem [o suspeito nigeriano de 40 anos, descrito por alguns jornais como agente artístico] entrou e, aproveitando-se do meu péssimo estado, obrigou-me a ter relações sexuais. Mais tarde, depois de ele sair, [Rúben] Semedo entrou no mesmo quarto e, depois de trancar a porta, obrigou-me também a ter relações sexuais”, terá dito a vítima no depoimento feito este domingo.

O dikastikoreportaz.gr acrescenta ainda outros dados além do testemunho de quatro horas feito na Sala de Exame de Justiça Juvenil da Sub-direção de Proteção de Menores com uma psicóloga, dizendo que a amiga que esteve com o grupo num primeiro café em Glyfada e no bar de praia em Oropos, de 16 anos, também confirmou o relato e que a mãe da jovem que acusa o central do Olympiacos levou às autoridades não só as roupas que a filha tinha consigo nessa madrugada para exames de ADN mas também o telemóvel.

“Um estrangeiro acusado de violar uma menor foi preso ontem à noite (29-8-2021), como parte do procedimento oficial feito por agentes da Subdirecção de Proteção Juvenil da Direção de Segurança de Ática. O co-acusado do mesmo crime é outro estrangeiro. A pessoa detida já conhece o processo contra ela e será encaminhada ao Procurador do Ministério Público de Atenas para ficar a conhecer as respetivas medidas de coação”, confirmaram as autoridades. O outro indivíduo em causa, um nigeriano com cerca de 40 anos, apresentou-se para ser detido e ouvido. Já a outra jovem não apresentou até ao momento qualquer queixa.

“O meu cliente nega a acusação, lamentando o facto de ter sido exposto e de ter dado uma declaração à força. Quando acusamos alguém deveria ser algo com suporte em algum comportamento. Há evidências sólidas que impedem a acusação”, defendeu o advogado de Rúben Semedo, em declarações à saída do Ministério Público de Evelpidon. “Ela própria disse que tinha 19 anos. Quando a virem [a alegada vítima] vocês vão dizer-me se ela parece que tem 17 ou 23-24 anos. Eles estiveram juntos durante 15 horas, é inconcebível que seja acusado de repente de violação. Mas neste momento, o problema não é a idade, o problema é saber se houve alguma contacto voluntário”, acrescentou ainda o grego Stavros Georgopoulos.

“Amanhã [Terça-feira] vamos dar início ao interrogatório e gostaria de proteger o meu cliente, bem como recordar que tem direito à presunção de inocência. Uma rapariga sozinha procurou-o na sexta-feira à noite, perguntou se poderia ir ter com ele na companhia de uma amiga e depois aconteceu o que aconteceu. Se eu fosse à casa de alguém e se me violassem, sairia imediatamente de lá. Neste caso, ela continuou lá na casa, mandaram vir comida, fumaram shisha e se não tivesse existido esta queixa provavelmente ainda continuariam lá. Não pode ter existido violação, caso contrário ela não teria mandado mensagem [a Rúben Semedo] para se voltarem a encontrar na noite seguinte. Continuaram a comer e beber todos e não ingeriram álcool ou drogas, estiveram sim a ver televisão e a ouvir música”, pormenorizou depois à ANT1.

“O Olympiacos respeita plena e indiscriminadamente a presunção de inocência de qualquer acusado, o que inclui o direito de contestar a acusação. Por isso, aguarda o veredicto da justiça independente e enquanto aguarda a investigação do processo penal relativo ao jogador de futebol Rubén Semedo, não se pronunciará”, anunciou durante a tarde o clube grego do central que é treinado por Pedro Martins.