A família do trabalhador que foi atropelado na A6 pelo carro do ministério da Administração Interna (MAI) vai pedir em tribunal uma indemnização superior a um milhão de euros a Eduardo Cabrita, noticia esta sexta-feira a revista Visão. O advogado da família, José Joaquim Barros, argumenta que, como Nuno Santos era a única fonte de rendimento do agregado familiar — composto pela viúva e por duas menores —, terá de haver uma compensação “razoável”.
Apesar de não ser Eduardo Cabrita quem ia ao volante do BMW, o advogado culpabiliza o ministro. “Em termos de responsabilidade pelo risco, a lei não responsabiliza exatamente o condutor, mas sim quem tem a direção efetiva do veículo. O que, neste caso, significa que é o chefe daquela comitiva, ou seja, Eduardo Cabrita”, disse em declarações à revista.
Acidente na A6. GNR garante que “nunca existiu ordem superior” para não investigar carro de Cabrita
José Joaquim Barros já anunciou que vai pedir o levantamento do segredo de justiça. “Que coisas podem perturbar uma investigação a um acidente de viação?”, questiona, sinalizando que, além das testemunhas, “as outras coisas necessárias são o relatório da autópsia e a peritagem ao veículo”. “Não há, portanto, nenhuma razão legalmente correto que possa determinar o segredo de justiça deste inquérito.”
Dois meses e meio depois do acidente, a GNR indicou à Visão que a investigação se mantém “em curso”, apesar de não ser possível “prestar esclarecimentos adicionais”. No entanto, os militares asseguram que se estão a desenvolver “todas as diligências inerentes a um processo de investigação de um acidente de viação com vítimas mortais”.
Segurança Social ainda não apoia a família
O advogado da família indicou ainda que a seguradora de acidentes de trabalho “está a portar-se muito bem”, tendo pagado uma pensão provisória e ainda consultas de psicologia.
Contudo, tal não se verifica com a Segurança Social, o que contraria uma promessa de Eduardo Cabrita, que à margem do 154.º aniversário da PSP em julho, assegurou que “no quadro das funções próprias do Instituto da Segurança Social, foram dadas indicações para serem realizados os contactos que permitissem agilizar os mecanismos legais de apoio previstos nestas circunstâncias”.
Dois meses depois, ainda não houve qualquer pagamento à família. Segundo a Visão apurou, o processo ainda está a ser avaliado por parte dos técnicos da Segurança Social.