O porta-voz do Governo guineense, Fernando Vaz, confirmou esta sexta-feira que foi o executivo quem sugeriu à União Africana (UA) que se afastasse o ex-primeiro-ministro Domingos Simões Pereira da chefia da missão de observação eleitoral em São Tomé e Príncipe.
Em conferência de imprensa, Fernando Vaz, que é também ministro do Turismo, disse que o Governo guineense não poderia aceitar que “um antidemocrata” liderasse uma missão eleitoral “num país irmão” e “em nome da Guiné-Bissau”.
Na quarta-feira, através de uma nota enviada à Lusa, Domingos Simões Pereira denunciou que a União Africana tinha voltado atrás com a proposta para que chefiasse uma missão de observação à segunda volta de eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe.
De acordo com o ex-primeiro-ministro e ex-candidato à presidência da Guiné-Bissau, a mudança ocorreu devido à exigência das autoridades de Bissau.
O porta-voz do Governo guineense confirmou o facto e justificou que Domingos Simões Pereira “não reúne as condições” para liderar missões eleitorais “em nome da Guiné-Bissau”.
Não reúne as condições mínimas de credibilidade para chefiar uma missão eleitoral num contexto de descenso como é o atual processo eleitoral em São Tomé e Príncipe. Domingos Simões Pereira é um indivíduo que nos últimos oito anos vem desestabilizando o país, incentivando as Forças Armadas a derrubarem as autoridades civis, através de reuniões com militares nas matas e lugares recônditos”, afirmou Fernando Vaz.
O porta-voz do Governo guineense disse ainda que ao ser consultado pela União Africana quanto ao nome de Simões Pereira, após a indisponibilidade de outras figuras políticas do país, informaram a organização africana que aquele “não reúne as condições”.
Consultada pela União Africana e conhecedora da experiência antidemocrática de Domingos Simões Pereira, com a não-aceitação de resultados eleitorais, entendeu o Governo que não reúne as condições para chefiar esta missão eleitoral“, precisou Fernando Vaz.
O porta-voz do Governo guineense considera estranho que Domingos Simões Pereira “desconheça os procedimentos” de organizações internacionais, que, disse, antes de convidarem uma personalidade perguntam às autoridades do seu país.
Fernando Vaz não compreende “a reação belicista, musculada e desproporcional” de Domingos Simões Pereira, que considera ainda “um negacionista das regras do jogo democrático”.
São Tomé e Príncipe realiza no domingo a segunda volta das eleições presidenciais, disputada entre Carlos Vila Nova, apoiado pela Ação Democrática Independente (ADI, oposição), e Guilherme Posser da Costa, apoiado pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe — Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) e pela coligação PCD-MDFM-UDD, que suporta o Governo.