No stand da Kia, no Salão de Munique, as atenções concentram-se no novo Sportage, que aí é revelado aos olhos do grande público pela primeira vez, com o especial interesse desta nova geração – a quinta – ser a primeira a ter direito a uma versão distinta (mais pequena) do modelo que será comercializado noutras partes do mundo.
Ao fim de 28 anos de existência (o Sportage foi lançado em 1993), o popular SUV sul-coreano ganha uma versão especificamente concebida e desenvolvida para ir ao encontro do gosto e das necessidades dos consumidores europeus. E isso faz toda a diferença, seja estilisticamente, seja no que toca à oferta de motorizações, onde a palavra de ordem é poupar todos os gramas possíveis, em matéria de emissões, pois as apertadas normas europeias antipoluição assim o exigem.
Em quatro pontos, sintetizamos abaixo as principais mudanças do novo Sportage que, como seria de esperar, partilha muitos elementos com o Hyundai Tucson e pretende capitalizar os seus novos argumentos para fazer frente a rivais como o Peugeot 3008 ou o Volkswagen Tiguan, só para citar dois dos modelos do segmento C-SUV mais apreciados pelos europeus, a avaliar pelos rankings de vendas.
Nova plataforma: mais pequeno, mas maior
O Sportage que vai poder ser reservado ainda antes do final do ano, para as entregas arrancarem no primeiro trimestre de 2022, usufrui de uma nova arquitectura. Trata-se da plataforma N3 do grupo, anunciada como mais leve e mais rígida que a anterior base.
Face ao modelo global, o SUV que vai ser vendido aos europeus é mais pequeno. Mas isso não significa que tenha “encolhido” face ao Sportage que ainda está à venda. Pelo contrário, com 4,515 m de comprimento (contra 4,660 m do modelo global), 1,865 m de largura e 1,645 de altura, a versão destinada ao Velho Continente está 3 cm mais comprida e 1 cm mais larga e mais alta face ao modelo que vem substituir.
Igual incremento a nível da distância entre eixos (2,680 m; 7,5 cm menos que o Sportage extra europeu), o que permite antecipar ganhos em matéria de habitabilidade e na capacidade da mala, ponto este em que os números confirmam essa vantagem: com apenas uma fila de bancos disponível, a volumetria da bagageira salta dos anteriores 1492 litros para 1780 e, mais relevante para o quotidiano dos utilizadores, com as duas filas de bancos em utilização, lá atrás a capacidade de armazenar objectos passa de 503 para 591 litros (mais 88 litros). Trata-se de um valor bastante elevado e que, à partida, não deverá variar consoante a motorização escolhida, pois a marca afirma que as versões electrificadas montam o pack de baterias entre os eixos, sem prejudicar a habitabilidade ou o espaço para as bagagens.
Exterior: um exercício de afirmação de estilo
Por fora, o novo Sportage incarna a nova linguagem de design da marca (chamada “Opostos Unidos”, do inglês “Opposites United”), pelo que as diferenças saltam à vista, sobretudo na secção dianteira, com especial destaque para o efeito conseguido com a nova grelha em associação com as características luzes de circulação diurna, em LED e no típico formato de boomerang.
De lado, o perfil é realçado pela linha de cintura cromada que guia o olhar até à traseira, num traço ascendente que confere maior “músculo” à silhueta e enfatiza a inclinação do pilar C. O resultado é uma imagem mais dinâmica e mais moderna quando conjugada com o tejadilho preto, uma opção que estreia na gama.
Quanto à traseira, talvez a secção esteticamente menos feliz nesta nova geração do modelo sul-coreano, a distinção mais marcante remete para as luzes tipo lâmina, que se unem numa linha fina, enfatizando a largura do Sportage e conferindo um aspecto mais robusto a este SUV que, não sendo claramente virado para o fora de estrada, pode oferecer tracção integral e introduz o Terrain Mode, sistema que ajusta automaticamente os parâmetros do Sportage, para habilitá-lo a enfrentar neve, lama ou areia.
Interior: mais moderno e tecnológico
Por dentro, o novo Sportage muda completamente de “feições” e para isso contribui grandemente o esquema (que começa a tornar-se uma moda) de associar o painel de instrumentos ao ecrã central do sistema de infoentretenimento, dando a ilusão de um display único, quando na realidade se tratam de dois, cada um com 12,3 polegadas. Esta imagem mais “tecnológica” é reforçada com soluções de conectividade que vão desde a possibilidade de actualizar software e mapas over-the-air à conexão remota do condutor ao veículo através da aplicação Kia Connect.
Segundo a marca, há um upgrade na qualidade dos materiais e dos acabamentos, a par de soluções funcionais, como ligações USB para os bancos de trás ou a zona de recarga para smartphones sem fios. Da lista de equipamento disponível constam ainda “miminhos” como bancos e volante aquecidos ou o sistema de som Harman Kardon.
Motores: híbridos para todos os gostos
No que respeita a mecânicas, a tónica vai no sentido de baixar consumos e, por tabela, emissões, com recurso à electrificação. Daí que o Sportage que vai chegar ao mercado no próximo ano aposte em todos os tipos de mecânicas híbridas, das soluções mild hybrid (HMHEV), passando pelos híbridos convencionais (HEV), sendo que o destaque vai para a introdução de um híbrido plug-in (PHEV). Não foi anunciada a autonomia em modo eléctrico deste último, mas é certo que a motorização PHEV será a mais potente da gama, ao oferecer 265 cv resultantes da combinação do conhecido motor a gasolina 1.6 T-GDi de 180 cv com um motor eléctrico de 66,9 kW (91 cv), o qual é alimentado por uma bateria com 13,8 kWh.
A opção HEV, com uma bateria de 1,49 kWh, recorre ao mesmo bloco a gasolina e debita 230 cv, pois a unidade eléctrica que complementa o motor de combustão é menos potente (44,2 kW/60 cv). Já as alternativas MHEV continuam a ter no 1.6 T-GDI a “estrela” sob o capot com duas declinações de potência: 150 ou 180 cv. Mas o 1.6 diesel está igualmente previsto na oferta e também ele pode beneficiar de uma hibridização ligeira, situação em que anuncia 136 cv, contra os 115 cv da versão sem o complemento eléctrico. Dependendo da motorização escolhida, a transmissão pode ser manual de seis velocidades ou uma caixa automática de dupla embraiagem com sete relações.