A Coreia do Norte testou um novo tipo de míssil de longo alcance este fim de semana, com sucesso, de acordo com informações divulgadas pela agência de notícias estatal do país, a KCNA. Segundo a agência, o novo míssil terá “um significado estratégico” ao permitir manter “uma forma de dissuasão efetiva” das “forças hostis à República Popular da Coreia do Norte” — um eufemismo que é interpretado pelos especialistas como sendo sinal de que o míssil em questão poderá ter capacidade de transportar uma ogiva nuclear.

A KCNA garante que os mísseis testados durante o fim de semana viajaram durante 7.580 segundos e que atingiram alvos a 1.500 quilómetros de distância. “Este é um sistema que pode atingir alvos no Japão, enquanto que o sistema que foi testado em março tinha um alcance muito menor, apenas até à Coreia do Sul”, explicou à CNN o professor Jeffrey Lewis.

Também o uso do termo “estratégico” chamou a atenção dos especialistas: “Este é um eufemismo comum para ‘sistema com capacidade nuclear'”, disse à Reuters Ankit Panda, do Carnegie Endowment. Apesar disso, a BBC relembra que o míssil em causa não viola as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, já que este apenas aplica sanções a testes com mísseis de cruzeiro.

Kim Jong-un não esteve presente no teste, com a KCNA a explicar que este contou com a supervisão de Pak Jong-chon, secretário do Comité Central do Partido dos Trabalhadores. A data não terá sido escolhida ao acaso, já que esta segunda-feira tem lugar uma reunião com negociadores norte-americanos, da Coreia do Sul e do Japão, para discutir a situação na Coreia do Norte. No dia seguinte, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, irá a Seul.

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Os EUA já reagiram ao mais recente teste e acusam a Coreia do Norte de “representar uma ameaça aos seus vizinhos e à comunidade internacional”. O governo japonês também se disse “preocupado”.

A Coreia do Norte declara oficialmente não ter qualquer caso positivo de Covid-19, embora haja dúvidas quanto a essa possibilidade. O país enfrenta atualmente uma grave crise económica, devido ao fecho das fronteiras causado pela pandemia — que fez interromper as trocas comerciais com a China, principal parceiro do país.

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Kim Jong-un já admitiu que o país enfrenta uma vaga de fome. Tal não tem impedido a Coreia do Norte de continuar a desenvolver o seu programa nuclear — em agosto, a agência atómica das Nações Unidas avisou que Pyongyang pode ter reativado um reator de plutónio com fins nucleares.