Os automóveis eléctricos a bateria usam diferentes tipos de células para construir os seus acumuladores. A Tesla sempre revelou preferência pelas cilíndricas, apesar de ter vindo a incrementar o diâmetro e a altura para aumentar a capacidade de armazenamento, sobretudo porque esta tecnologia torna mais fácil a industrialização, ou seja, fabricá-las mais depressa e de forma mais barata. Outros construtores, que não produzem as suas próprias células, estão mais dependentes dos fornecedores, que tendem a favorecer as células do tipo prismático ou, então, tipo bolsa. Muitas vezes, a escolha recai sobre estas últimas por, tendencialmente, gerarem packs de baterias mais leves.
No início de Setembro, o CEO e responsável técnico da Tesla, Elon Musk, surpreendeu ao revelar que não era fã das células tipo bolsa. Mas foi mais longe e afirmou mesmo que não recomendava o uso deste tipo de acumuladores, inseridos dentro de uma bolsa flexível. Tudo porque, segundo a Tesla, revelam uma tendência superior para conduzir a incêndios violentos, problema denominado de termal runaway, que consiste num processo crescente de incremento de temperatura após, por exemplo, uma fuga de electrólito, até surgirem as labaredas.
Generally agree, but probability of thermal runaway is dangerously high with large pouch cells. Tesla strongly recommends against their use.
— Elon Musk (@elonmusk) September 3, 2021
A informação avançada por Musk surgiu através Twitter, com o CEO a afirmar que “a Tesla desaconselha vivamente o seu uso”. Um dado importante vindo de uma empresa como a Tesla que, primeiro com a Panasonic e, mais recentemente, de forma independente, é quem se dedica há mais anos ao desenvolvimento e à produção de células, tendo mesmo patenteado equipamentos destinados à produção em série de células cilíndricas, apesar de a marca norte-americana também utilizar células prismáticas. No caso, as baterias com a química LFP fornecidas pelos chineses da CATL.
Esta afirmação de Musk surge depois de a Hyundai ter enfrentado alguns acidentes no Kauai Electric, com este tipo de baterias fornecidas pelos sul-coreanos da LG Chem, o mesmo acontecendo, mas a uma escala muito mais elevada, na General Motors. Neste fabricante norte-americano, o número de incêndios foi muito mais significativo, tal como o foi o recall às oficinas, com substituição do pack de baterias, cujas células eram também fornecidas pela LG Chem.