A maioria dos CEO (presidentes-executivos) das maiores empresas portuguesas acreditam que, no âmbito da Covid-19, um dos impactos previstos para a sua empresa (num horizonte de três anos) será o facto de terem a maioria dos trabalhadores a trabalhar remotamente 2 a 3 dias por semana. Esta é uma das conclusões de um estudo de opinião realizado pela consultora KPMG, obtido pelo Observador, e que coloca Portugal numa posição de destaque comparativamente aos CEO globais, onde em média só 37% admitiram que o teletrabalho remoto (parcial) será uma realidade na sua empresa.

O relatório – a edição de 2021 do KPMG CEO Outlook – não indica exatamente quantas dezenas de responsáveis empresariais portugueses participaram no estudo que auscultou 1.325 presidentes a nível global, entre julho e agosto de 2021. Essas 1.325 representam a empresas que faturam anualmente mais de 500 milhões de dólares norte-americanos e operam em setores como as telecomunicações, banca e seguros, retalho, tecnologias, entre outros.

De um ponto de vista global, à medida que as pessoas voltam ao seu local de trabalho, o número de líderes empresariais com intenções de reduzir as suas instalações físicas diminuiu – eram 69% em agosto de 2020 mas são apenas 21% neste último inquérito. Porém, os CEO reconhecem a necessidade de flexibilidade como medida de retenção de talento: embora 37% digam que os funcionários irão trabalhar remotamente pelo menos 2 ou mais dias por semana, cerca de metade dos responsáveis garantem estar à procura de investimentos em escritórios compartilhados para permitir maior flexibilidade aos seus colaboradores.

A nível nacional, porém, os dados obtidos pelo Observador não são tão detalhados mas indicam que 60% antecipam ter a maioria da sua força de trabalho a contribuir remotamente pelo menos metade da semana de trabalho.

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Metade dos CEO não antecipa aumentar número de colaboradores na empresa

O estudo da KPMG revela também, em relação aos inquiridos ligados a empresas nacionais, que metade deles não espera aumentar o número de colaboradores da sua empresa, nos próximos três anos. Isto apesar de mais de metade (60%) indicarem que a faturação da sua empresa subiu no último ano fiscal, comparativamente ao ano anterior. E apesar, também, de 65% dos CEO portugueses estarem confiantes em relação ao crescimento da economia nacional e o crescimento da sua empresa, também no mesmo horizonte dos próximos três anos.

E quais são os riscos associados a esse cenário otimista? No top 5 de riscos considerados pelos CEO portugueses estão, em primeiro lugar, as alterações climáticas (20%). De seguida, surgem os riscos relacionados com a cibersegurança (15%), o risco das quebras nas cadeias de abastecimento (15%), a disrupção tecnológica (10%) e em 5º lugar o risco do aumento das taxas de juro (10%).

Porém, 40% dos CEO portugueses pretendem rever as remunerações e os benefícios de que usufruem os seus colaboradores, como medida de incentivar uma cultura mais orientada para o propósito da empresa, segundo o estudo feito pela KPMG. Não obstante, o dobro – 80% – dos líderes (portugueses) concordam que os desafios da desigualdade salarial e as alterações climáticas poderão ser um impedimento ao crescimento da sua empresa. E 70% concordam que o impacto negativo da pandemia na desigualdade de oportunidades e condições laborais para as mulheres dificultou a obtenção de paridade de género, ao nível da liderança da sua organização.