Quase duas em cada 10 pessoas (19%) com mais de 65 anos “nunca desenvolvem anticorpos neutralizantes após duas doses da vacina da Pfizer”, conclui o Instituto de Investigação do Medicamento (iMed) da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. Em contraste, abaixo dos 65 anos, 97,9% ficam com anticorpos.

O estudo foi feito pelo iMed em colaboração com várias instituições hospitalares e lares, entre os quais o Hospital Beatriz Ângelo, o Centro Hospitalar Lisboa Central, o Hospital Garcia d’Orta e a Casa do Artista.

Desde o início do processo de vacinação que estes investigadores acompanham mais de 1500 pessoas entre os 20 e os 90 anos para avaliar, ao longo de um ano, “o desenvolvimento de imunidade antiviral resultante das vacinas através da medição dos anticorpos”, bem como “a imunidade celular nas diferentes faixas etárias e patologias com baixa imunidade”, explica o iMed.

Em comunicado, o instituto explica que determinar os anticorpos neutralizantes é “mais importante do que a deteção simples de anticorpos e é um fator reconhecido cientificamente como indicativo da proteção antiviral com base em evidências dos estudos clínicos”.

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“Infelizmente, este estudo revela que cerca de 19% das pessoas com mais de 65 anos nunca desenvolve esta proteção imunológica. Pelo contrário, somente 2,1% das pessoas com menos de 65 anos tem ausência de imunidade neutralizante”, diz João Gonçalves, investigador principal deste estudo e Diretor do Instituto de Investigação do Medicamento, citado no comunicado do iMed. “Estes números são preocupantes porque temos de encontrar essas pessoas e protegê-las de uma nova infeção”.

Há, no entanto, boas notícias, porque “esta imunidade neutralizante gerada pela vacina parece ser eficaz para a variante delta que é o vírus dominante neste momento em Portugal”, afirma João Gonçalves.

O estudo mostra que “os anticorpos neutralizantes presentes em todas as idades atuam igualmente contra as variantes alfa (UK) e delta (India) e em menor grau para as variantes beta (África do Sul) e gama (Brasil)”.

Esta semana, um outro estudo divulgado pelo Algarve Biomedical Center (ABC) e pela Fundação Champalimaud, refere que os anticorpos caem de forma significativa ao fim de quatro meses nas pessoas com mais de 70 anos.

Anticorpos diminuem ao longo do tempo, mas células imunitárias mantêm-se. Será que perdemos a imunidade?