Uma tarde de sábado, algumas dezenas de militantes, outras tantas bandeiras — que foram diminuindo à medida que as horas foram passando, com as sucessivas ofertas –, os abraços possíveis dentro da contenção ainda necessária, muitos lamentos e vários números de telefone e e-mails registados no telemóvel pessoal. Afinal, além de “ir onde ninguém vai”, Barbosa Ribeiro também quer mostrar que se preocupa.
Não é incomum ver Barbosa Ribeiro de telefone na mão, mas esta tarde fez questão de registar os vários números de telefone ou contactos de e-mail de quem tem “questões pendentes” por resolver com a autarquia. Da falta de habitação a problemas com obras nos terrenos dos vizinhos, Tiago Barbosa Ribeiro escutou e abraçou vários portuenses ao longo da tarde para lhes dizer que as coisas só mudam “com a cruz no último quadrado”.
Com críticas constantes à “vergonha” que é expulsar as pessoas do centro histórico da cidade, à falta de cuidado para com os bairros sociais, à falta de apoio às coletividades, o candidato socialista fez-se acompanhar de Duarte Cordeiro este sábado, que foi encontrando alguns paralelismos em matérias que chegou a tutelar na autarquia de Lisboa.
Até dois recém-chegados, mas já recenseados, cidadãos ingleses conseguiu agradar. “Isn’t he’s lovely?”, comentavam depois de lhe ter garantido que o recenseamento já estava completo e que já conheciam o Partido Socialista e as propostas que o candidato apresenta para a cidade. Terá sido uma adaptação rápida já que o programa eleitoral do candidato foi apresentado apenas esta semana, em plena campanha eleitoral.
Alguns passos mais à frente Barbosa Ribeiro brindou no Grupo Desportivo Infante D. Henrique, uma filial do Estoril Praia, voltou à carga com críticas à massificação do turismo que atirou para fora do centro histórico grande parte da população e viu ainda um dos antigos moradores de Miragaia emocionar-se partilhando que desejava “morrer onde nasceu”, mas de onde teve que sair depois de o prédio onde vivia ter sido vendido.
Aos que foi encontrando, sentados à sombra, deu como garantia que um executivo seu irá “exercer direito de preferência sobre todo o centro histórico” e criar uma “zona de contenção do alojamento local”. Com o horário apertado e a agenda já atrasada, seguiu até ao bairro do Lagarteiro onde ouviu a dona Conceição lamentar o abandono a que o bairro foi deixado.
“Trabalho nas zonas ricas da cidade e vivo na zona pobre. Se perder o autocarro tenho que esperar mais uma hora, ninguém quer saber de nós. Somos o estrume da cidade do Porto”, para Barbosa Ribeiro sobraram, mais uma vez as críticas: “Acho que [Rui Moreira] se perdia se tivesse que vir para aqui”.
O momento mais duro do dia havia de estar guardado já para o final da tarde, na zona de Francos, em Ramalde, onde não são bem-vindos desconhecidos. Sinal disso mesmo foram os ovos arremessados na direção da comitiva, numa tentativa de a dispersar. Com Manuel Pizarro a juntar-se durante algum tempo à comitiva Barbosa Ribeiro foi ouvindo os lamentos de quem passou a sofrer com o tráfico de droga no bairro e vive “com medo de sair sequer de casa”.
“É importante que as populações dos bairros não sejam esquecidas e que não se transformem em guetos, onde o tráfico de droga prospere”, vincou Barbosa Ribeiro acrescentando, claro culpas ao executivo de Rui Moreira na condução da demolição do Aleixo: “O aumento de problemas relacionados com o tráfico de droga na cidade devem-se especialmente, embora não exclusivamente, à forma como foi feita, em primeiro lugar, a demolição e depois o realojamento de algumas pessoas do Aleixo”.