Todas as segundas-feiras há um ponto de situação, entre Governo e a task force da vacinação contra a Covid-19, sobre o processo de administração das vacinas no país, estando já perto dos 85% totalmente vacinados (com as duas doses) que permitirá avançar para a última fase do levantamento de restrições. Ainda não terá sido desta que o Executivo ouviu o que queria de Gouveia e Melo, mas a meta estará próxima e o Governo está preparado para poder divulgar medidas já esta quinta-feira, se entretanto o país atingir o tal número mágico — o que pode acontecer a qualquer momento.
A avaliação será feita até ao Conselho de Ministros desta quinta-feira, segundo apurou o Observador, mantendo o Governo em aberto a possibilidade de, nesse dia, fazer logo o anúncio mais aguardado do último ano e meio de pandemia, o da libertação. O calendário de aplicação de cada uma das fases do levantamento das medidas — já se sabe — depende da fasquia da vacinação, mas a entrada em vigor das medidas da fase seguinte não é automática, tem sempre de ser fechada em Conselho de Ministros. E, até agora, o Governo teve sempre previsto definir medidas esta quinta-feira, a três dias das eleições autárquicas.
Uma coisa parece estar já assente: mesmo que o anúncio possa vir a acontecer antes das eleições, a previsão que é feita nesta altura, segundo sabe o Observador, é que a última fase não entre em vigor antes de 1 de outubro.
A fase três do plano definido pelo Governo ainda em julho, prevê que quando mais de 85% da população portuguesa tiver a vacinação completa possam deixar de existir limites máximos para o número de pessoas por grupo, no interior dos restaurantes, cafés e pastelarias, e em esplanadas (hoje ainda só são possíveis 8 pessoas por grupo no interior e 15 do exterior). Deixam também de existir limites de lotação para estabelecimentos e equipamentos, espetáculos culturais e também para os chamados eventos familiares (casamentos e batizados).
A maior alteração — que se mantém intocável desde o início da pandemia — é a reabertura de bares e discotecas. Já se sabe que quando acontecer, a entrada estará dependente da apresentação de Certificado Digital COVID da União Europeia ou de um teste com resultado negativo.
A 9 de setembro, o primeiro-ministro tinha afirmado que, a manter-se o ritmo de vacinação de então, a pandemia poderia estar controlada no espaço de duas semanas. E na quarta-feira passada, o Presidente da República apontou a taxa de vacinação anticovid-19 em Portugal como “invejável” na União Europeia, por estar praticamente nos 82% da população com vacinação completa.
Já este sábado, em campanha eleitoral no Norte do país, o primeiro-ministro deu uma nova previsão, mais curta. Ao elogiar a conduta da população portuguesa no processo de vacinação, António Costa afirmou que “nas próximas semanas ou, quem sabe, até nos próximos dias, o país dará a pandemia por controlada”. A porta ficava aberta para o cenário que agora se traça no Governo.