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Weigl escreveu a teoria da evolução de Darwin em 135 segundos (a crónica do Benfica-Boavista)

Este artigo tem mais de 3 anos

Colocação de Darwin à esquerda continua a dar frutos, exploração da profundidade é uma chave mas foi a redenção do alemão em menos de dois minutos que definiu a história do Benfica-Boavista (3-1).

Darwin Núñez e Weigl marcaram os golos da sexta vitória seguida do Benfica no Campeonato, algo que não acontecia há 39 anos
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Darwin Núñez e Weigl marcaram os golos da sexta vitória seguida do Benfica no Campeonato, algo que não acontecia há 39 anos

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Darwin Núñez e Weigl marcaram os golos da sexta vitória seguida do Benfica no Campeonato, algo que não acontecia há 39 anos

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Está mais solto, fala com mais confiança, argumenta de forma mais escorreita. O bom início de temporada do Benfica trouxe um Jorge Jesus diferente daquele que acabou a última época. Sim, os resultados ajudam, mas sobretudo existe um técnico confiante no processo, crente no ano de trabalho que tem com uma base que se manteve quase inalterada em relação a 2020/21 com reforços cirúrgicos como João Mário ou Yaremchuk, cada vez mais convencido que encontrou no 3x4x3 uma fórmula capaz de garantir estabilidade defensiva (três golos sofridos em dez jogos) e no 4x4x2 um plano para afundar as defesas mais baixas. “Estamos muito confiantes, a crescer jogo a jogo, esse é o caminho”, destacou antes da receção ao Boavista.

Benfica vence Boavista com bis de Darwin e reforça liderança na Liga com mais quatro pontos do que FC Porto e Sporting

“Por vezes acontece sair da Liga dos Campeões e a adrenalina baixar. Às vezes podemos ser surpreendidos na competição seguinte. Mas o grande objetivo do Benfica é o Campeonato e, como tal, queremos continuar na frente. Para isso temos de somar pontos, com vitórias. O Benfica vai continuar dentro do que tem feito ultimamente, foram esses os sinais que a equipa me deu durante a semana. Acredito que a equipa vai fazer um bom jogo”, assegurara, entre “avisos” às ressacas europeias que às vezes surgem sem que se consiga prever e num contexto de jogo de Champions e viagens longas a Kiev com seis dias de descanso.

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A dinâmica coletiva assente na passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões com os contornos que o nulo em Eindhoven e a série de cinco vitórias consecutivas no Campeonato com que chegava a esta receção ao Boavista potenciou o crescimento individual de jogadores. Vlachodimos continua a justificar a aposta na baliza, Morato mostrou outra capacidade quando foi chamado, João Mário tem sido a unidade que faltava pelas características próprias no meio-campo, Rafa está mais influente. Depois há Weigl que, com jogos melhores ou mais apagados, ganhou o espaço que não era tão líquido na última temporada.

“Esta época elevámos o nível. Começámos muito, muito bem. A equipa do Benfica poderia lutar pelas posições de Champions no Campeonato alemão. Saída do B. Dortmund? Nunca disse que havia problema em dar um pequeno passo atrás na carreira para encontrar a felicidade mas vir para o Benfica não foi dar um passo atrás. Não quis vir para deixar o clube rapidamente. Estou realmente focado a 100% no clube, na cidade e no Campeonato, quero ser bem sucedido aqui. Logo na época de estreia tive de lutar para entrar na equipa, fui tendo mais tempo de jogo e reconhecimento que tive por parte dos adeptos significou muito para mim”, comentou o médio alemão numa entrevista este fim de semana ao Bild.

Quando Weigl chegou à Luz, no mercado de inverno de 2019/20, Jesus deixou vários elogios ao médio que ainda não era do seu plantel, porque estava então no Flamengo. “É um grande jogador, já o defrontei pelo Sporting e pelo Benfica. É um jogador que na primeira fase tem saída de bola fantástica, não treme. Pode ter pressão que não treme. Tem ainda um defeito no jogo dele que terá de ser ensinado pelo treinador mas é uma aposta segura, não tenho dúvidas. Qual? Não digo…”, referiu. Mais de um ano e meio depois, e com mais de uma época de trabalho com o alemão, esse tal defeito parece estar a caminho da correção, tendo em conta a aposta no jogador e os elogios feitos após os jogos com o PSV e o Tondela. E esse é mais um dos reflexos do momento que os encarnados vivem dentro de campo, que voltava agora a ser testado.

Darwin, de novo a bisar e a fazer quatro golos nos últimos dois jogos, terminou como MVP da partida mas a história do triunfo dos encarnados, o sexto consecutivo na Liga com o melhor ataque e uma das melhores defesas (um arranque como não acontecia há 39 anos), foi escrita sobretudo em 135 segundos na primeira parte, o período entre um erro de Weigl que valeu o golo de Gustavo Sauer e o 2-1 marcado pelo próprio alemão. Se há algo que mudou no médio, que voltou a fazer um jogo importante na posição contribuindo pela terceira jornada seguida com assistências ou golos, é a capacidade que tem para superar os momentos de adversidade no jogo, levantar a cabeça e mudar o chip. O que não acontecia antes, o que acontece agora, o que deve acontecer no futuro. E essa é uma das conquistas de Jesus na presente temporada.

Ficha de jogo

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Benfica-Boavista, 3-1

6.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Benfica: Vlachodimos, Lucas Veríssimo (Morato, 88′), Otamendi, Vertonghen; Diogo Gonçalves (Lázaro, 46′), Weigl, João Mário, Grimaldo; Rafa (Pizzi, 88′), Darwin Núñez (Rodrigo Pinho, 80′) e Yaremchuk (Everton, 65′)

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Meitë, Gedson e Gonçalo Ramos

Treinador: Jorge Jesus

Boavista: Bracali; Malheiro (Luís Santos, 75′), Nathan Santos, Jackson Porozo, Abascal, Hamache (Filipe Ferreira, 25′); Seba Pérez (Yusupha, 82′), Makouta; Sauer, Gorré (Ntep, 46′) e Musa

Suplentes não utilizados: Alireza, Marcelo, Reisinho, Guito e Reymão

Treinador: João Pedro Sousa

Golos: Darwin Núñez (14′ e 61′), Gustavo Sauer (32′) e Weigl (34′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Nathan (36′), Lucas Veríssimo (59′), Jackson Porozo (69′) e Musa (74′)

Como seria de esperar, o encontro começou com domínio total do Benfica, variando entre ações de ataque organizado mais posicional com a bola a ser gerida na construção pelos dois médios e a exploração da profundidade sobretudo com os movimentos de Yaremchuk a cair mais na direita quando Rafa fazia a diagonal para o meio, nascendo desta última jogada a primeira grande oportunidade com o ucraniano a ganhar as costas à defesa dos axadrezados depois de um passe longo de Lucas Veríssimo e a cruzar para o desvio de Darwin ao lado (8′). O Boavista continuava sem ligar jogo para sair em transições, deixando Musa demasiado isolado na frente, e não conseguiu fechar esse espaço nas costas que Yaremchuk procurava à direita, nascendo por aí o primeiro golo de Darwin após cruzamento de Diogo Gonçalves (14′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Benfica-Boavista em vídeo]

O golo acabou por fazer mal na forma como os encarnados exploravam a posse, continuando a chegar com frequência ao último terço mas sem criar aproximações de perigo como as duas que valeriam a Darwin o primeiro golo. Do outro lado, o Boavista demorou meia hora para conseguir criar pela primeira vez perigo junto da baliza de Vlachodimos, com Gustavo Sauer a encontrar espaço entre linhas para testar a meia distância para defesa do grego (30′). Estava dado o aviso que o Benfica não levou a sério e viria a pagar por isso: numa boa zona de pressão mais alta, os axadrezados conseguiram tirar a bola a Weigl à entrada da área e Sauer voltou a testar o remate de pé esquerdo para o terceiro golo em quatro jogos (32′).

O alemão não demorou a levantar as mãos, pedindo desculpa a companheiros e adeptos. Em campo, João Mário falou com o germânico, explicando como poderia ter encontrado linha de passe naquela situação; fora dele, os adeptos encarnados levantaram-se e aplaudiram o jogador, quase que “perdoando” aquele que foi até então o único erro na partida. A redenção, essa, demorou apenas dois minutos: na sequência de mais um lance de estratégia, onde o Benfica tem conseguido fazer mais a diferença, João Mário marcou um livre lateral na direita para o segundo poste, Otamendi conseguiu colocar de cabeça no lado contrário e Weigl, também de cabeça, só teve de encostar para o 2-1 (34′). Os encarnados voltavam à vantagem e assim chegariam ao intervalo, num encontro com quatro remates enquadrados e sem defesas de Bracali.

Por motivos diferentes, as duas equipas fizeram trocas durante o descanso: Lázaro entrou para o lugar do lesionado Diogo Gonçalves, Ntep trocou com Gorré no lado esquerdo do ataque dos axadrezados. E houve mais Boavista no plano ofensivo nos cinco minutos iniciais, com Malheiro e Ntep a rematarem para defesa de Vlachodimos aproveitando os corredores laterais antes de mais uma “bomba” de Gustavo Sauer por cima. Logo na resposta, Rafa assistiu Yaremchuk na diagonal para remate na passada do ucraniano e grande intervenção de Bracali antes de Lucas Veríssimo subir sozinho na pequena área sozinho para desviar de cabeça por cima. Em dez minutos as equipas tinham feito mais remates do que em 45′.

O golo parecia algo inevitável numa das duas balizas e foi o regresso do Benfica ao movimento que mais rendeu na primeira parte que esteve no início do 3-1: variação rápida de flanco de Weigl, bola longa de Lucas Veríssimo nas costas da defesa axadrezada desta vez para Rafa e cruzamento rasteiro para Darwin encostar ao segundo poste (61′). Musa, o sempre combativo avançado do Boavista que se estreara na última jornada a dar um ponto nos descontos à equipa frente ao Portimonense, ainda teve um desvio ao primeiro poste que saiu ao lado ameaçando novo golo dos visitantes mas a primeira vantagem de dois das águias acabaria por ser determinante para uma outra gestão da partida com oportunidade de mais golos.

Bracali, com duas grandes intervenções já com Everton em campo (primeiro a tirar o hat-trick a Darwin, isolado por Grimaldo, e depois a defender para canto um cabeceamento do internacional brasileiro), evitou que o triunfo encarnado tivesse outros números, sendo que nem por isso o Boavista, com apenas uma derrota até aqui na Liga, deixou de tentar as suas saídas em transições com o risco de tirar Seba Pérez do meio-campo para reforçar o ataque com Yusupha. Ainda houve mais tentativas mas os últimos minutos ficaram como que reservados para os adeptos apoiarem a equipa e pedirem o “38”. Apesar de estarmos só na sexta jornada, uma coisa já é certa: este é o melhor arranque da equipa desde 1982/83.

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