886kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Das presidenciais às autárquicas em oito meses, Mayan quer ser o presidente de junta

Este artigo tem mais de 3 anos

Tiago Mayan Gonçalves é candidato a uma das juntas do Porto pelo movimento de Rui Moreira. Depois de uma candidatura a Presidente da República, está próximo de conquistar uma freguesia.

i

(Rui Oliveira/Observador)

(Rui Oliveira/Observador)

“Vamos fazer sanduíches com os flyers para distribuir mais rápido.” Tiago Mayan Gonçalves acha que não vale a pena, que é mais eficaz cada um carregar um monte diferente e colocar-se à vez nas caixas do correio. Cinco minutos depois, quando fica para trás a conversar com um antigo combatente que ainda não consegue circular gratuitamente nos transportes públicos (Mayan admite que não está dentro do caso, mas promete inteirar-se), as duas pessoas que o acompanhavam aproveitam uma mesa no meio do Bairro Aldoar para fazer a junção dos vários papéis que ali querem deixar.

Abrem o jornal de campanha de Rui Moreira, colocam no interior o flyer de Tiago Mayan Gonçalves e a folha indicativa do boletim de voto. Três em um. Tiago aproxima-se e mete mãos às obra, sem hesitar. O Observador questiona-o se concorda que desta forma o processo se torna mais eficaz e o antigo candidato à Presidência da República puxa da costela liberal para dizer que faz parte arriscar em novas estratégias e dar mérito quando são apostas certas. A estratégia manteve-se por mais dias e as “sanduíches” passaram a ser construídas onde dava mais jeito, muitas vezes em cima de um carro.

(Rui Oliveira/Observador)

Tiago Mayan Gonçalves. O nome que há oito meses era desconhecido no panorama político nacional surpreendeu na candidatura a Presidente da República, apoiado pela Iniciativa Liberal, e abraça agora o desafio da candidatura à junta de freguesia de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde pelo movimento de Rui Moreira, onde já tinha sido eleito como suplente há quatro anos. Quase todos o conhecem, nem que seja da candidatura presidencial, mas mesmo assim faz questão de se apresentar cada vez que estica um panfleto: “Sou o Tiago Mayan e sou candidato aqui à junta.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na outra campanha que protagonizou, em janeiro, andou mais em reuniões de Zoom do que nas ruas e agora está a sentir muito mais o contacto com a população. “Posso garantir que estou mais rodeado de gente agora do que estive na campanha das Presidenciais”, diz, enquanto caminha pelo bairro que escolheu visitar na segunda-feira e entre conversas de vão de escada e a ausência de promessas.

“Os outros partidos prometem mundos e fundos”, atira Fernanda Moreira do cimo das escadas. Mayan viu uma senhora na entrada do prédio e entrou para entregar em mão o panfleto que estava a meter nas caixas de correio, mas “este fica já entregue”. A conversa prolonga-se por vários minutos, com queixas sobre desde o sítio do estendal, às chaminés, às baratas e à falta de um ringue para a “canalha brincar”. O candidato à junta de freguesia de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde ouve com atenção, vai dando opinião num ou noutro ponto, faz perguntas, mas a única promessa que tem é não fazer promessas: “Eu não estou aqui para prometer, ainda não ouviu promessa nenhuma da minha boca, vim ouvir.” 

Garante que vai haver tempo para falar (e para continuar a ouvir) se chegar a presidente de junta, com “horas marcadas” para receber as pessoas da freguesia. “O senhor que estava na junta que faleceu, o senhor Nuno Ortigão, não tenho nada a dizer, era uma joia de pessoa”, recorda Fernanda, para dar um bom exemplo a quem pode ocupar o lugar. Caso o movimento de Rui Moreira continue a vencer naquela freguesia, será mesmo Tiago Mayan Gonçalves a presidir a junta. Mas até pode ter uma ajudinha a encontrar o gabinete: “Eu limpo a junta e conheço bem aquilo, se ganhar mostro-lhe onde fica o gabinete.”

(Rui Oliveira/Observador)

Há mais trabalho a fazer e quando Tiago Mayan regressa ao centro do bairro já chegaram mais dois reforços para ajudar na distribuição. É uma equipa pequena, mas não falta organização. João Ambrósio, “braço direito de Mayan”, ajuda a gerir o trabalho. Segue no carro próprio cheio de papéis no porta-bagagens e é ele quem sabe que zonas estão feitas, o que já foi distribuído e o que falta fazer.

É o último a chegar ao almoço no Mercado da Foz entre as ações da manhã e as da tarde. Vem ao telemóvel. “Estavas a trabalhar?”, pergunta-lhe Mayan, quando já acabou o hambúrguer que pediu para o almoço. “Sim, estava a organizar umas coisas”, responde. O número de pessoas na mesa foi aumentando à medida que os minutos passaram. “Curiosamente somos todos liberais”, notou Tiago Mayan Gonçalves, antes da chegada de José Aguiar, o único independente que se sentou à mesa naquele dia.

Os dias até às eleições são cada vez menos e é preciso continuar a trabalhar: “Implementámos um novo sistema, criei zonas e há uma pessoa responsável para cada zona. É tudo organizado no Google Maps”, explica Mayan, enquanto aponta para o telemóvel onde se vê um mapa com divisões de várias cores. Um mapa interativo criado para o efeito. Até porque as pessoas que fazem campanha não são muitas, há dias em que é acompanhado por duas ou três, outros por quatro ou cinco. Mas os braços não se multiplicam e Mayan sente que o segredo está na organização.

O dia ainda vai a meio, é preciso pagar e seguir para uma reunião. Cada um paga o seu. Tiago Mayan Gonçalves mete a mochila às costas, desta vez uma florescente que o tem acompanhado durante toda a campanha. “Esta é da Maratona do Porto, já nem tem letras”, diz enquanto aponta. Lá dentro há panfletos, autocolantes, fitas, o manifesto eleitoral, mas também um bloco de notas, uma caneta, carregador e uma powerbank para o telemóvel.

Já o candidato a presidente de junta não sabe quando vai ter tempo para recarregar baterias. Teve 10 dias de férias e tirou os restantes para dedicar à campanha eleitoral. Agora, caso venha a ser eleito, vai manter o trabalho como consultor no Instituto Universitário da Maia (ISMAI) e acumular com o trabalho de autarca. Vai tirar do “tempo livre” o tempo para a junta, retirar tempo à “vida pessoal”. “É o que farei”. E garante que pelo menos duas vezes por semana quer ter um espaço aberto para poder ouvir quem vive na freguesia.

Ainda sem ter conquistado a junta, Mayan Gonçalves já sente a responsabilidade de estar num cargo em que os “executivos são escolhidos diretamente pelo eleitor”, onde há um “vínculo direto entre o voto e a pessoa escolhida”. “Aí assumem uma dignidade e um vínculo muito específico com o eleitorado e por isso mesmo é que têm de ser a cara e estar dispostos a ouvir tudo”, argumenta, admitindo que este “torna a responsabilidade maior”.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.