A foto registada por Alfonso Escalero, da Associated Press, e partilhada pela página do Facebook I Love the World, na última terça-feira, dia 21 de setembro, mostra uma casa rodeada por lava solidificada, na ilha de La Palma, nas Canárias, em Espanha. Os proprietários da casa, um casal octogenário dinamarquês, descobriu que a sua casa não foi afetada, por pouco, pela lava da erupção, através de um telefonema da mulher que a ajudou a nascer, 30 anos antes.

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Ada Monnikendam, conta o El Mundo, estava a ver redes sociais quando foi surpreendida pela foto que se está a tornar num ícone da tragédia de La Palma. Era a casa que a sua empresa de construção de chalés erguera para Inge y Rainer Cocq, casal reformado da Dinamarca, em El Paraiso, a zona mais atingida pela lava do Cumbre Vieja. “Eu conheço essa casa! Fomos nós que a construímos, eu e o meu marido!” Imediatamente lhes ligou, relata ao jornal espanhol: “Começámos todos a chorar como loucos, quando lhes contei que a sua casa estava intacta”.

Ada, que é holandesa — e que estabeleceu a sua empresa de construção de vivendas em 1976 na ilha, juntamente com o marido e o cunhado — conheceu o casal quando Inge e Rainer chegaram há três décadas a La Palma à procura de sol, natureza e tranquilidade e se apaixonaram pela paisagem vulcânica da ilha.

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Eles vinham várias vezes por ano, até começar a pandemia. Aqui, enchiam-se de energia, e voltavam à Dinamarca. Ela cuidava das suas plantas, ele construía muros com pedras. Têm grandes amigos em El Paraíso que perderam tudo o que tinham. Estão destroçados e frustrados por estarem tão longe. Não querem falar com ninguém, porque não param de chorar.”

“La casita”, como a família se refere à casa, é muito importante para Inge e Rainer: “Os meus pais investiram muito nesta casinha, adquiriram o terreno há cerca de 30 anos para construírem o seu bocadinho de céu”, conta a filha do casal. Yenny diz, ainda, que vai voltar, com o seu pai, à casa “milagre” para “avaliar a situação”, em declarações à ABC. Os dois sempre gostaram de vulcões desde jovens e chegaram a equacionar viver os seus tempos de reforma no Havai, também numa região vulcânica, mas acabaram por optar pelas Canárias: era mais perto da sua terra natal, revelou Ada ao El Mundo.

A casa que colapsa em segundos

A casa, que escapou ao avançar do fluxo de lava, e se tornou viral na internet, contrasta com o cenário de destruição geral na ilha de La Palma e com um outro vídeo em que se vê uma casa a ruir em segundos, em Todoque.

A erupção do vulcão Cumbre Vieja, no passado domingo, provocou a destruição de cerca de 420 casas, de acordo com o Programa de Observação da Terra da União Europeia, Copérnico, e consequente realojamento de mais de 6.000 pessoas, sendo que a lava já ocupou mais de 190 hectares de terra.

A fotografia da casa dos octogenários dinamarqueses que escapou ilesa à destruição do Cumbre Vieja tornou-se popular nas redes sociais, por ser um dos poucos exemplos, no contexto da erupção vulcânica, em que a natureza “respeitou” a construção humana. O rasto de destruição que a lava lançou em mais de quatro centenas de casas é bem visível neste outro vídeo da Global News.

E este cenário desolador pode estender-se ainda mais, já que fluxo de lava pode durar semanas, ou até meses, segundo cientistas, diz a Euronews.