A 10.ª Força Nacional Destacada para a República-Centro Africana (RCA), composta por 180 militares, maioritariamente do regimento de Comandos, termina esta sexta-feira o último exercício de aprontamento para a missão das Nações Unidas neste país, partindo em finais de outubro.
Segundo o comandante da Força, tenente-coronel Jorge Pereira, termina esta sexta-feira o exercício “Bangui 212”, que decorreu em Extremoz, distrito de Évora, e visou “treinar, avaliar e validar” estes militares que vão integrar, como Força de Reação Rápida, a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA).
Este foi o último de vários exercícios que têm sido feitos desde abril pelos militares, que estarão no país em missão durante seis meses, explicou o militar à agência Lusa.
O “Bangui 212” teve como finalidade “demonstrar a capacidade da força, neste caso da 10.ª Força Nacional Destacada MINUSCA, no âmbito técnico e tático, no planeamento, no controlo e execução de tarefas passíveis de lhe serem atribuídas em teatro de operações” bem como “permitir a própria certificação da força nos padrões estipulados pela Inspeção-Geral do Exército“, adiantou o tenente-coronel.
Entre as tarefas que estes militares poderão desempenhar na RCA estão, por exemplo, “a proteção de civis, patrulhas de segurança, reconhecimentos na área de operações, operações de cerco e busca, proteger infraestruturas ou áreas sensíveis, entre outras”, aditou o comandante da força, reconhecendo o clima de “dificuldade”, “incerteza” e “complexidade” na região.
Dos 180 militares, 169 são homens e 11 são mulheres e a maior parte — 91 — são militares do Regimento de Comandos, incluindo-se também três da Força Aérea.
Questionado sobre a presença dos militares portugueses nos últimos anos na RCA, o tenente-coronel considerou que esta tem sido positiva “até para o próprio país, porque tem havido os mais rasgados elogios de todas as entidades, sejam elas civis ou militares sobre o desempenho” dos portugueses.
“Eu, naturalmente, como comandante da próxima força que irá para a RCA, aquilo que almejo, eu e os meus militares, é conseguirmos manter essa mesma prestação de dar um bom nome a Portugal, às Forças Armadas e ao Exército em específico, mantendo esse mesmo desempenho que tem sido de elevado gabarito”, considerou.
Atualmente, de acordo com dados disponibilizados pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas na sua página oficial, estão empenhados na RCA 188 militares portugueses no âmbito da MINUSCA e 45 meios. Também na RCA, mas no âmbito da missão de treino da União Europeia (EUTM-RCA), estão atualmente empenhados 20 militares.
A MINUSCA tem como objetivos “apoiar a comunidade internacional na reforma do setor de segurança do Estado, contribuindo para a segurança e estabilização” da República Centro-Africana, informa ainda o EMGFA.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.