Não passou muito tempo desde que Federico Chiesa esteve em Londres. Em julho, há pouco mais de dois meses e meio, o avançado foi um dos melhores jogadores da final do Euro 2020 que consagrou Itália. Aos 23 anos, tornou-se campeão europeu e engrossou ainda mais as expectativas de que vai ser um dos melhores jogadores da próxima década. Esta quarta-feira, Chiesa ainda não voltava a Londres mas cruzava-se com os londrinos do Chelsea — sempre com a memória da final de Wembley.

“Para ser honesto, aquele golo [de Luke Shaw, aos dois minutos] deixou-nos um pouco assustados porque foi estranho. Não sofremos muitos golos e sofrer um tão cedo numa final foi difícil. Mas a nossa humildade, a nossa mentalidade, ajudou-nos a lidar com isso”, começa por referir o jovem italiano ao The Telegraph, recordando depois a sensação de assistir às grandes penalidades de fora, já que saiu lesionado durante a segunda parte. “Foi tão stressante. O Berardi marcou, depois o Bellotti falhou… Foi difícil. Tão difícil. Estava ao lado do Emerson e disse-lhe: ‘Não, assim não pode ser, vamos mudar de posição’. Estávamos de joelhos e levantámo-nos para ver se as coisas corriam melhor. Tentámos isso. Quando o Donnarumma defendeu o último penálti, do Saka, metade dos jogadores estava a chorar e a outra metade estava a correr pelo relvado para o tentar abraçar. Mas depois todos chorámos. Toda a gente estava cheia de emoções. Foi um sonho tornado realidade”, explica Chiesa.

Esta quarta-feira, em Turim, a Juventus recebia o Chelsea e dava ao italiano a possibilidade de reencontrar Jorginho, colega de seleção que também conquistou o Euro 2020. O arranque de temporada dos bianconeri não tem sido fácil mas duas vitórias nas últimas duas jornadas da Serie A e o resultado positivo contra o Malmö na jornada inaugural da Liga dos Campeões deram à equipa de Massimiliano Allegri uma convicção reforçada. Chiesa, que cresceu a idolatrar Kaká mas a imitar Robben e Ribéry, é uma parte fulcral da Juventus pós-Ronaldo — até porque olha para uma bola com o mesmo mistério com que olha para o universo.

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“Tenho duas paixões: uma é o futebol, a outra é o universo. Sempre foi assim. Acho que tem a ver com o mistério que representa. Sim, sabemos muita coisa mas não sabemos a história completa e ainda há muito por descobrir. É esse mistério que me fascina. O que é que está para lá dos limites do universo? Isso deixa-me mesmo a pensar”, conta o avançado italiano, que estudou na Escola Internacional de Florença, onde a grande maioria das aulas era lecionada em inglês.

Contra o campeão europeu Chelsea, que no fim de semana tinha sido derrotado pelo Manchester City e que na primeira jornada da Liga dos Campeões bateu o Zenit, Chiesa marcou o único golo da importante vitória da Juventus (1-0). O avançado italiano apareceu na grande área depois de um grande passe de desmarcação de Bernardeschi e atirou cruzado e de primeira à saída de Mendy logo nos instantes iniciais da segunda parte (46′).

Numa noite frustrante para o Chelsea em que tanto Lukaku como Havertz acabaram por desperdiçar oportunidades, os blues somaram a segunda derrota consecutiva e estão agora no segundo lugar do Grupo H mas com os mesmos pontos do Zenit, que bateu o Malmö. Já a Juventus, que parece estar definitivamente a entrar em modo cruzeiro depois de um arranque de temporada muito complexo, somou a segunda vitória na Liga dos Campeões e lidera o grupo, tendo a passagem à fase seguinte praticamente garantida. Para isso, muito contribuiu Chiesa, o jovem italiano que quer descobrir os mistérios do universo mas que já é uma autêntica estrela.