Investigadores da Universidade de Cambridge defendem num estudo publicado hoje um novo modelo para aferir a evolução da pandemia de Covid-19, em vez do indicador atualmente utilizado para apurar a transmissão de infeções.

O estudo, publicado no Journal of the Royal Society Interface, sugere uma nova abordagem assente em modelos de séries temporais e métodos estatísticos clássicos, que permitem prever o número diário de novos casos de infeção e de mortes associadas à doença Covid-19, em vez dos índices de transmissibilidade.

Segundo um comunicado da universidade britânica, estes novos modelos de “nowcast” e “forecast” da situação pandémica foram testados e bem-sucedidos em ondas e surtos de infeção na Alemanha, no estado norte-americano da Florida e em diversas áreas da Índia.

O ‘R0’ é um indicador da transmissibilidade da infeção calculado na fase inicial de uma epidemia ainda sem as medidas de contenção implementadas, correspondendo ao número médio de infeções secundárias a que cada caso dá origem numa população completamente suscetível ao vírus.

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O ‘Rt’ refere-se ao número médio de casos que resultam de um infetado, calculado ao longo de um período de tempo, e pode ser usado para medir a eficácia das medidas de contenção de uma epidemia.

“A taxa básica de R diminui rapidamente de utilidade assim que uma pandemia começa”, devido à evolução gradual da imunidade e aos efeitos das medidas de prevenção adotadas, explica Paul Kattuman, um dos coautores do estudo agora divulgado.

Os investigadores concluíram que, em fases avançadas de uma pandemia, o índice R “não é o melhor caminho”, uma vez que o “foco não deve estar na contagiosidade, mas sim na taxa de crescimento de novos casos e de mortes” apurada ao longo de um período, no sentido de permitir uma previsão.

“Esses são os números que realmente ajudam a orientar os decisores na tomada de medidas cruciais que salvarão vidas e evitarão hospitais superlotados à medida que uma pandemia se desenrola. Os dados gerados através deste modelo de série temporal já provaram ser precisos e eficazes em diversos países”, assegurou Kattuman.

A Covid-19 provocou pelo menos 4.752.875 mortes em todo o mundo, entre 232,27 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.962 pessoas e foram contabilizados 1.067.775 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.