O preço da eletricidade no mercado grossista ibérico atingiu esta quinta-feira um novo recorde que é notícia desta vez por ter ultrapassado a barreira dos 200 euros por MWh (megawatt-hora) pela primeira vez.

O preço médio para a eletricidade a entregar amanhã alcançou os 230 euros por MWh para a hora de pico de consumo entre as 20 e 21 horas (de Espanha). A hora mais “barata” será por volta das 16 horas quando a eletricidade custa mais de 198 euros por MWh. O preço médio diário foi de 216 euros.

O novo recorde tem como pano de fundo a corrida ao gás natural que é normal nas semanas que antecedem a chegada do inverno, mas que este ano tem sido acelerada pelos baixos níveis de stocks na Europa que também resultam de tensões geopolíticas com alguns fornecedores. Esta quinta-feira, o gás natural estava a transacionar nos 90 euros por megawatt-hora, o que se traduz no dobro do custo para a eletricidade produzida numa central de ciclo combinado.

Desde o verão que o preço no Mibel, mercado onde as elétricas vendem e compram energia, tem furado sucessivos máximos, empurrado por um conjunto de fatores que muitos chamam de tempestade perfeita. Para além do efeito da retoma económica, o preço da eletricidade está a refletir a subida do gás natural, combustível usado pelas centrais térmicas que fixam a cotação final do mercado e o agravamento dos custos com a compra de licenças de CO2. Para agravar este quadro, a baixa produção da energia eólica, obrigou o sistema ibérico a usar mais centrais a gás.

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Em setembro, o preço médio da eletricidade transacionada no Mibel rondou os 167 euros por MW-hora, o que representa mais do triplo do que seriam os preços considerados normais.

A escalada dos preços tem obrigado os governos a intervir para travar os seus efeitos junto dos consumidores. Espanha anunciou uma redução dos impostos pagos pelos consumidores e a retenção dos sobreganhos das elétricas que não têm custos com o CO2. Em Portugal, foi anunciada uma almofada de mais de 800 milhões de euros que será sobretudo direcionada para a baixa das tarifas de acesso ao sistema, compensando a alta do custo da energia.

Governo anuncia super-almofada de 815 milhões para impedir subida da eletricidade em 2022. De onde vêm os milhões?

O ministro do Ambiente assegurou que com estas medidas o preço do mercado regulado não irá aumentar em 2022, depois de duas subida extraordinárias este ano.