O Conselho Nacional que irá agendar as próximas eleições diretas do PSD está marcado já para 14 de outubro e a dúvida mantém-se: quem serão os candidatos a ir a jogo? Embora as eleições autárquicas tenham oferecido um balão de oxigénio a Rui Rio, os membros da sua direção dão, em público, sinais contraditórios, com Nuno Morais Sarmento a vir agora admitir que Rio possa não se recandidatar.
No programa Expresso da Meia-Noite, na SIC, esta sexta-feira, Morais Sarmento comentava os resultados eleitorais de domingo passado para dizer que Rio terá “toda a legitimidade” se quiser recandidatar-se à liderança do partido. Outra coisa é saber se o quererá fazer: “Sou vice-presidente de Rio e não o tenho por certo. Ao contrário da contabilidade que normalmente se faz, e que eu faria, Rio está a esta hora a pensar se ele acha que tem utilidade para o país neste exercício de dois anos de oposição. Se achar que não, é indiferente ter ganhado ou perdido, vai-se embora”, frisou.
A convicção dos mais próximos de Rio é, ainda assim, que o líder — animado pelas vitórias em câmaras importantes como Coimbra e o Funchal mas, sobretudo, pela reviravolta surpreendente em Lisboa — terá agora condições renovadas para se recandidatar. David Justino, também vice desta direção, tinha aliás dito na sexta-feira, no programa Interesse Público, que seria até “incompreensível” se Rio decidisse não avançar agora (sendo que já foi desafiado por Luís Montenegro em janeiro de 2020, tendo vencido na segunda volta dessas eleições diretas).
Rangel: legítimo ou desleal?
Os dois vices de Rio também não partilham, por outro lado, da mesma opinião sobre uma eventual candidatura de Paulo Rangel contra Rui Rio. Na SIC, Morais Sarmento frisou que não alinha na tese de que Rangel estaria a fazer “algo de errado, muito menos de traiçoeiro”, se decidisse, como é expectável, avançar para uma corrida à liderança.
O comentário de Sarmento chegou também depois de Justino se ter pronunciado sobre o mesmo assunto, mas em termos bem mais duros: para o colega de direção, existe “alguma deslealdade” da parte de Rangel, que “já meteu na cabeça que é candidato” e não estará, ao contrário do que diz, em reflexão: “Está mais do que refletido”.