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Wendell, pelo menos ele, está a receber a mensagem de Sérgio (a crónica do FC Porto-P. Ferreira)

Este artigo tem mais de 2 anos

FC Porto entrou a perder, não foi brilhante mas alavancou na reviravolta e na vitória com o Paços o início do pós-Liverpool. E Sérgio sai com certeza de que a mensagem, pelo menos, passa para Wendell.

O lateral brasileiro marcou o golo da vitória dos dragões no início da segunda parte
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O lateral brasileiro marcou o golo da vitória dos dragões no início da segunda parte

Miguel Pereira

O lateral brasileiro marcou o golo da vitória dos dragões no início da segunda parte

Miguel Pereira

Por muito inesperada que tenha sido a reação de Sérgio Conceição à goleada sofrida contra o Liverpool a meio da semana, a verdade é que as declarações revoltadas do treinador do FC Porto estiveram longe de ser inéditas e até lembraram um outro murro na mesa. Em janeiro de 2020, depois de os dragões perderem na final da Taça da Liga contra o Sp. Braga, o técnico colocou o lugar à disposição e sublinhou a “falta de união” dentro do clube. Na altura, resultou.

Pinto da Costa segurou Sérgio Conceição, de forma mais do que expectável, e o FC Porto acabou por recuperar a desvantagem para o Benfica no Campeonato, conquistando a Primeira Liga já depois da paragem forçada devido à pandemia, e vencer também a Taça de Portugal. Esta terça-feira, embora não tenha usado exatamente as mesmas palavras, o treinador voltou a referir que ia falar com o presidente, voltou a colocar em causa a forma como a sua mensagem chega à equipa e voltou a tentar tirar o mesmo truque da manga para atingir o mesmo objetivo.

Ficha de jogo

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FC Porto-P. Ferreira, 2-1

8.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

FC Porto: Diogo Costa, João Mário, Pepe, Marcano, Wendell (Manafá, 82′), Francisco Conceição (Pepê, 75′), Uribe, Vitinha, Luis Díaz (Toni Martínez, 88′), Taremi, Evanilson (Sérgio Oliveira, 75′)

Suplentes não utilizados: Marchesín, Mbemba, Grujic, Fábio Vieira, Corona

Treinador: Sérgio Conceição

P. Ferreira: André Ferreira, Zé Uilton (João Pedro, 78′), Baixinho, Maracás, Antunes, Stephen Eustáquio, Luiz Carlos (Ibrahim, 90′), Nuno Santos (Matchoi Djaló, 78′), Hélder Ferreira (Juan Delgado, 64′), Denilson, Lucas Silva

Suplentes não utilizados: Vekic, Flávio Ramos, Nuno Lima, Luís Bastos, Rui Pires

Treinador: Jorge Simão

Golos: Nuno Santos (19′), Luis Díaz (44′), Wendell (52′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Taremi (16′ e 90+5′), a Hélder Ferreira (17′), a Wendell (30′), a Antunes (32′), a Denilson (41′), a Pepe (54′), a Juan Delgado (80′), a Baixinho (84′); cartão vermelho por acumulação a Taremi (90+5′)

Sem que a continuidade fosse sequer um tópico em cima da mesa, Conceição falou com Pinto da Costa dois dias depois da derrota com o Liverpool e explicou ao presidente a desilusão que sentiu face àquilo que interpretou como falta de entrega e compromisso dos jogadores. Esta sexta-feira, com a tempestade mais calma e a necessidade de alterar o chip para voltar ao Campeonato, o treinador não retirou nada do que havia dito e apresentou-se como “a voz do descontentamento geral”.

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“A mensagem que foi passada é a mesma há quatro anos. Existe uma base de compromisso aqui e há certos princípios que têm de ser respeitados. Depois, há a estratégia para os jogos e aí o único responsável por não termos conseguido um resultado positivo sou eu. A imprensa está habituada a levar com um ou outro bluff depois dos jogos mas eu não sou assim. Pus cá fora o meu sentimento. Fui disparatado, como vi escrito? Não. Foi o meu sentimento. Eu assumo sempre a responsabilidade mas há coisas que têm de ser analisadas e tem de se perceber o porquê de terem acontecido situações que não estavam planeadas e que levaram a que tenhamos feito um jogo tão mau. Críticas? É o quinto ano aqui. Já satura. É o mau feitio, é isto, é aquilo… Até a minha cara não é assim grande coisa para alguns. A mensagem passa da forma que eu sou e não abdico das minhas convicções. Sou assim e não vou mudar”, disse Sérgio Conceição na antevisão da receção deste sábado ao P. Ferreira.

No Dragão, apenas quatro dias depois da goleada frente ao Liverpool, o FC Porto precisava de vencer para pressionar desde logo o Sporting, que só entrava em campo horas depois, e o Benfica, que tinha mais três pontos e só jogava no dia seguinte. Contra os pacenses, Sérgio Conceição não podia contar com o lesionado Otávio e mudava meia equipa: saíam Corona, Fábio Cardoso, Zaidu, Sérgio Oliveira, Otávio e Toni Martínez, entravam João Mário, Pepe, Wendell, Vitinha, Francisco Conceição e Evanilson, com destaque para o regresso ao onze do central português e para o facto de Mbemba começar no banco. Do outro lado, Jorge Simão já tinha Stephen Eustáquio, já que o médio cumpriu castigo na jornada anterior.

Numa primeira parte em que o FC Porto jogou quase por inteiro no meio-campo adversário, acabou por ser o P. Ferreira a ter a aproximação inicial à baliza contrária. Num lance em que Pepe cometeu um erro pouco habitual e perdeu a bola em zona proibida, Lucas Silva aproveitou e tentou assistir Denilson, que atirou rasteiro contra Uribe (2′). Os dragões responderam quase de imediato com duas jogadas de perigo, um remate por cima de Uribe (4′) e outro de Luis Díaz que foi intercetado por Maracás quando seguia para a baliza (5′), mas esse momento inicial em que Denilson poderia ter inaugurado o marcador acabou por dar o mote para o primeiro tempo: os pacenses quase não atacavam, quase não se atreviam a nada, quase não saíam do próprio meio-campo mas, se existisse um erro do adversário, não iriam demorar praticamente nada para aproveitar.

Vitinha teve uma boa ocasião para marcar, com um pontapé de fora de área que André Ferreira afastou (15′), mas a verdade é que os augúrios confirmaram-se mesmo. Num lance que começa com um pontapé de baliza do guarda-redes do P. Ferreira, a equipa de Jorge Simão ganhou dois duelos aéreos e Denilson aproveitou os ressaltos para desequilibrar na direita e assistir Lucas Silva na esquerda; o avançado rematou, Diogo Costa fez uma grande defesa mas Nuno Santos, na recarga, atirou de fora de área e em jeito para inaugurar o marcador (19′). Com o P. Ferreira a ganhar no Dragão, o jogo assumiu a dinâmica natural e expectável — os pacenses recuaram, juntaram os setores e fecharam-se nos últimos 30 metros, o FC Porto avançou, tentou esticar a equipa e encontrar espaços na organização defensiva do adversário.

Francisco Conceição foi o primeiro a ficar perto de empatar, com um pontapé rasteiro que André Ferreira encaixou (24′), sendo que o guarda-redes voltou a ganhar o mesmo duelo instantes depois ao defender um remate do jovem avançado na sequência de um passe em desmarcação de Taremi (30′). Vitinha também tentou o golo de livre direto (34′), com a bola a passar por cima da trave, e Wendell obrigou André Ferreira a outra intervenção atenta ao atirar de fora de área (42′). Atirar de fora de área, aliás, era a constante dos dragões: o P. Ferreira estava muito organizado, compacto e estável nas imediações da grande área e não permitia espaços interiores ao FC Porto, obrigando a equipa de Sérgio Conceição a explorar a largura, a profundidade e a meia distância. Nestes capítulos, Wendell acabou por ser o elemento ‘mais’ dos dragões, não só pelas subidas pela ala esquerda mas também pelas incursões interiores que realizava para depois combinar com Luis Díaz, demonstrando ainda uma capacidade para rematar de longe que lhe dá uma dimensão ofensiva muito interessante.

O golo do empate, contudo, acabou por surgir já perto do intervalo — e assim que o P. Ferreira arriscou um pouco mais. Numa das raras vezes em que a equipa de Jorge Simão tentou sair a jogar com a bola no pé, o FC Porto recuperou a posse na zona do meio-campo e Luis Díaz conduziu em velocidade pela direita para depois soltar em Taremi; o avançado procurou a finalização de Evanilson na grande área, a defesa pacense antecipou-se mas Díaz apareceu novamente na recarga e atirou para dentro da baliza (44′), chegando ao sexto golo no Campeonato e cimentando o estatuto de melhor marcador. No final da primeira parte, o FC Porto estava totalmente por cima da partida, era esmagador em termos de posse de bola, oportunidades e aproximações à baliza adversária mas sabia que teria pela frente uma segunda parte em que o P. Ferreira ia fechar todos os caminhos para tentar levar um ponto do Dragão.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-P. Ferreira:]

Na segunda parte, o FC Porto voltou com a mesma intensidade com que tinha saído do primeiro tempo e com uma alteração visível que acabou por revelar-se determinante: uma capacidade de atacar os lances de bola parada com critério e eficácia que não tinha aparecido até ao intervalo. Na primeira parte, o P. Ferreira fez diversas faltas na zona dos corredores para travar investidas e conseguiu sempre afastar os cruzamentos com pouca dificuldade; na segunda, Evanilson cabeceou à barra no primeiro pontapé de canto que os dragões conquistaram (52′). Nessa sequência, o segundo golo acabou por aparecer.

No canto seguinte à oportunidade do avançado brasileiro, a bola foi batida na esquerda, André Ferreira desviou com os punhos para a afastar da baliza e ofereceu o ressalto a Wendell, que ao segundo poste e com um pontapé muito forte acabou por carimbar a reviravolta e estrear-se a marcar pelo FC Porto (52′). Depois do golo, o P. Ferreira procurou reagir e separou os setores, soltando as incursões de Antunes e Zé Uilton nas alas para depois tentar explorar a profundidade de Lucas Silva e Denilson. Jorge Simão fez a primeira substituição da partida, ao trocar Hélder Ferreira por Juan Delgado, e os pacenses ficaram desde logo muito perto de voltar a empatar com um cruzamento de Nuno Santos que foi desviado de Wendell e foi parar ao poste de Diogo Costa (56′).

Até ao fim, Sérgio Conceição ainda lançou Sérgio Oliveira, Pepê e Manafá, sendo que este último acabou por substituir Wendell depois de o lateral ter sofrido alguns problemas de índole muscular. André Ferreira ainda teve tempo para fazer outras duas intervenções de alto nível, primeiro a um livre direto de Sérgio Oliveira e depois a um cabeceamento de Uribe (85′), e Taremi ainda viu o cartão vermelho por acumulação de amarelos por simular uma grande penalidade.

Depois da goleada sofrida contra o Liverpool, o FC Porto não foi brilhante mas deu a resposta necessária não só por ter carimbado a vitória mas também por ter conseguido alcançar uma reviravolta difícil e complexa na sequência do golo do P. Ferreira. Os dragões colocam-se assim a um ponto da liderança do Benfica, ainda que provisoriamente, e Sérgio Conceição sai da partida com uma certeza: Wendell, que chegou ao Dragão porque o treinador não estava satisfeito com os laterais que tinha, está a ouvir a mensagem. O brasileiro defende, ataca, é líder nas recuperações de bola e até fez o golo da vitória porque ele, pelo menos, está mesmo a ouvir a mensagem.

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