Começou em João Rendeiro e terminou na sua mulher. A trama imobiliária tem início em 2015 e termina em 2020, envolvendo um imóvel em Campo de Ourique, Lisboa, e outro na Quinta Patino, em Cascais. Durante esse tempo, os edifícios passam por várias mãos da família Rendeiro e da família Almeida, da qual fazem parte o motorista do antigo banqueiro, Florêncio, e o seu pai, presidente da ANTRAL, que tem o mesmo nome.

Em janeiro de 2015, Florêncio Almeida, pai, compra a João Rendeiro, amigo da família há 20 anos, o imóvel de Campo de Ourique, uma herança de família. Paga pela propriedade 503.500 euros, um preço três vezes abaixo do valor de mercado. Três anos passados, a 11 de setembro de 2018, o casal doa parte do edifício a Florêncio Almeida, filho. Mas as trocas entre proprietários não ficam por aqui, segundo revela uma investigação da programa Sexta às 9 da RTP.

A 19 de setembro de 2020, o filho do presidente da ANTRAL e motorista de Rendeiro até 2008, vende o mesmo imóvel à Turtle Quotidian por 1 milhão e 470 mil euros. Sete dias depois, a 26 de setembro, compra o apartamento na Quinta Patino por pouco mais de 1 milhão de euros. Antes do ano terminar, em dezembro, cede o direito de usufruto por 15 anos a Maria de Jesus Rendeiro, mulher do foragido da justiça. Em troca, recebe 200.976 euros.

Num comunicado enviado à estação pública, Florêncio Almeida, pai, explica o que motivou a doação do imóvel. “Na impossibilidade de levar por diante o empreendimento pretendido, por recusa da licença a conceder pela CML, doei o imóvel ao meu filho que, posteriormente o vendeu, seguido da aquisição do apartamento para sua habitação, tudo feito na completa legalidade e cumprimento rigoroso de todas as obrigações fiscais.”

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O presidente da ANTRAL recusa quaisquer acusações de ilegalidades envolvendo os negócios com a família Rendeiro. “Tenho a consciência tranquila de que não pratiquei qualquer ato ilícito, logo, não vejo qualquer razão para me expor e, muito menos, justificar-me na praça pública.”

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Na quinta-feira, uma outra investigação jornalística, esta da SIC, revelava que o antigo motorista de Rendeiro tinha comprado um apartamento no mesmo condomínio de luxo do patrão, o mesmo que veio a ceder usufruto a Maria de Jesus Rendeiro.

O imóvel, que era propriedade da Caixa Geral de Depósitos, foi comprado por 1,15 milhões de euros a pronto pagamento por Florêncio de Almeida, filho.

João Rendeiro foi condenado em três penas a um cúmulo jurídico de 19 anos de cadeia. Depois de lhe ter sido autorizada uma deslocação a Londres, não regressou ao país. Está em parte incerta e pendem sobre si dois mandados de detenção internacionais.

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