O bloqueio em vários portos britânicos — entre os quais Felixtowe, principal porto comercial do Reino Unido —  está a ameaçar a distribuição de produtos para o Natal, incluindo brinquedos, alertaram fontes de vários sectores.

O diretor da companhia marítima inglesa Cory Brothers, Peter Wilson, disse à estação de televisão pública britânica BBC que os cidadãos devem fazer as suas encomendas “com tempo”, para garantir que chegam a tempo do Natal, ao passo que a empresa de brinquedos Boxer Gifts, cujas unidades de produção são na China, avisou que a mercadoria vai chegar com atraso e sairá mais cara.

Gary Grant, responsável da cadeia The Entertainer, de venda de brinquedos, alertou que, embora as lojas agora estejam cheias, “a procura ultrapassará os produtos em armazém”, porque “não há transportadoras suficientes” para os distribuir pelos estabelecimentos.

Segundo a BBC, o porto de Felixtowe, no sudeste de Inglaterra, tem cerca de 50.000 contentores à espera de serem recolhidos pelos camionistas, o que está a provocar uma saturação das instalações de armazenagem e, eventualmente, atrasos no transporte dos produtos até ao seu destino final.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para contornar a situação, a gigante marítima dinamarquesa Maersk está a redirecionar os seus barcos maiores para portos da Holanda e da Bélgica para serem ali descarregados e a mercadoria transportada de volta para o Reino Unido em barcos mais pequenos, noticiou na terça-feira o jornal Financial Times.

Por seu lado, a Associação de Portos do Reino Unido constata que, apesar de muitos portos britânicos estarem a operar com relativa normalidade, a escassez de camionistas “está a causar atrasos”.

Isso significa que alguns carregamentos não são recolhidos com a mesma rapidez. A situação está a afetar todos os portos e não apenas os terminais de contentores”, indicou.

As associações empresariais estimam que há, no Reino Unido, um défice de cerca de 100.000 camiões de transporte de mercadorias, o que provocou uma quebra no abastecimento em sectores como, por exemplo, as gasolineiras que, nos últimos dias, registaram longas filas de automobilistas para encher os depósitos.

Esta escassez, causada pela pandemia e pelo Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), bem como por um atraso na concessão de licenças, levou o Governo a oferecer 5.000 vistos provisórios a camionistas estrangeiros, ao mesmo tempo que acelerou os exames de condução para candidatos britânicos.