Quase a completar 18 anos, em dezembro, a princesa Catharina-Amalia, herdeira aparente ao trono dos Países Baixos, pode casar com uma pessoa do mesmo sexo sem abdicar do lugar na linha de sucessão. Não que a princesa tenha tecido quaisquer comentários nesse sentido, até porque pouco se conhece sobre a sua vida privada, mas a questão despontou depois de livros recentemente publicados terem argumentado, nas suas páginas, que as regras do país excluíam a possibilidade de um casamento gay entre os membros da realeza. Desde 2001 que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é possível por lei nos Países Baixos.
O primeiro-ministro Mark Rutte, citado pela Reuters, escreveu numa carta endereçada ao parlamento referindo que o governo “acredita que o herdeiro também se pode casar com uma pessoa do mesmo sexo”, afirmando que os tempos mudaram desde que um dos seus antecessores abordou o assunto pela última vez, estávamos no ano 2000. “O gabinete, portanto, não vê que um herdeiro ao trono ou o rei deva abdicar se ele ou ela quiser casar com um parceiro do mesmo sexo.”
Uma questão fica, no entanto, por resolver: de que forma um casamento gay afetaria a linha de sucessão, ainda que, segundo Rutte, não faça sentido tentar decidir isso no momento presente até porque tal “depende dos factos e circunstâncias do caso específico”.
Ao contrário dos restantes casamentos, aqueles que acontecem no seio da família real carecem de aprovação do parlamento — já aconteceu membros da realeza abandonarem a sua posição na linha de sucessão ao trono para casar com alguém cuja permissão não foi concedida.
A princesa Catharina-Amalia é a filha mais velha do rei Guilherme Alexandre, que ascendeu ao trono em 2013. Recentemente a vida da jovem tornou-se alvo de maior atenção, mas não há qualquer indicação de que um casamento esteja no horizonte. Com 17 anos, Amalia deverá ingressar na faculdade em 2022 e já recusou os 1,6 milhões de euros anuais a que tinha direito enquanto estudante. “A 7 de dezembro de 2021 terei 18 anos e, de acordo com a lei, recebo um subsídio”, escreveu numa carta endereçada ao primeiro-ministro, considerando ser “desconfortável” aceitar o dinheiro, especialmente num período marcado pelo coronavírus.