Os enfermeiros que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão fazer greve a 3 e 4 de novembro, uma paralisação decidida esta sexta-feira numa reunião que juntou sete sindicatos desta classe profissional.

Na base da decisão de avançar com esta greve está a “ausência total de diálogo por parte do Ministério da Saúde em querer ouvir as reivindicações” destes profissionais do SNS, adiantou à Lusa o presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Pedro Costa.

Segundo o dirigente sindical, os enfermeiros portugueses “foram louvados ao longo” da pandemia de Covid-19, sendo “considerados a peça fundamental no processo de vacinação”, mas “não são valorizados” na sua carreira.

Pedro Costa considerou ainda que os cerca de 700 milhões de euros para reforçar o SNS previstos proposta Orçamento do Estado para 2022 “só serão efetivamente bem empregues se tivermos em cima da mesa” as áreas para as quais este acréscimo orçamental será afeto.

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De que serve termos hospitais novos se o seu valor humano — os seus profissionais — estão cansados, estão desmotivados e não vão poder exercer a suas funções da melhor forma?”, questionou.

Em comunicado, o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), que também participou na reunião desta sexta-feira, adiantou que a greve foi limitada a dois dias, devido à consciência que as estruturas sindicais têm das consequências que esta forma de luta tem nos utentes do SNS.

Segundo o Sindepor, entre as várias reivindicações, está a integração imediata nos mapas de pessoal das instituições de todos os enfermeiros com contratos precários no SNS e a abertura de concursos para todas as categorias, nomeadamente, enfermeiro, enfermeiro especialista, enfermeiro gestor e para as funções de direção.

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Além disso, os sindicatos pretendem que o Governo garanta a admissão imediata de enfermeiros, respeitando a norma de cálculo de dotações seguras dos cuidados de enfermagem, bem como a consagração efetiva da autonomia das instituições para contratarem profissionais.

“Sem enfermeiros motivados não temos um SNS saudável. É por isso que é importante o Governo responder às nossas reivindicações, para termos um SNS robusto e eficaz, como os portugueses merecem e precisam”, considerou Carlos Ramalho, presidente do Sindepor, citado no comunicado.

De acordo com o sindicado, a marcação desta greve aplica-se apenas ao território continental, uma vez que, nos Açores e Madeira, os enfermeiros já viram satisfeitas algumas das suas reivindicações.

O Sindepor adiantou também que, na sequência da entrega de um documento reivindicativo no Ministério da Saúde, em 21 de setembro, a resposta do secretário de Estado Lacerda Sales foi de “fechar as portas à negociação”, alegando que “deve ser feita fora da discussão” do Orçamento do Estado para o próximo ano.

Na resposta enviada quinta-feira ao secretário de Estado, os sindicatos “exigiram a marcação de uma reunião, até ao final deste mês, para reabertura imediata de negociações”, avança ainda o comunicado.

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