A Assembleia da República recomendou esta sexta-feira ao Governo que crie e aplique uma estratégia integrada de combate à solidão, um fenómeno que todos os partidos concordam que se agravou com a pandemia de Covid-19.

A recomendação consta de um projeto de resolução — que não tem força de lei — apresentado pelo PAN e que foi aprovado esta sexta-feira com a abstenção dos grupos parlamentares do PS e do PCP e com os votos favoráveis das restantes bancadas e das duas deputadas não inscritas.

A iniciativa agora aprovada prevê que Governo desenvolva e concretize uma estratégia nacional de combate à solidão, enquanto eixo estratégico de saúde pública.

Além disso, o executivo de António Costa deve garantir, em articulação com as universidades, a realização de estudos sobre o impacto deste fenómeno em áreas como a saúde, a economia e a segurança, incidindo também sobre as diferentes faixas etárias e perfis sociodemográficos.

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Enquanto esta estratégia nacional não estiver concluída e a ser desenvolvida no terreno, o Governo deve promover campanhas de sensibilização sobre o problema da solidão e seus vários impactos, refere ainda o texto do projeto de resolução.

No debate parlamentar que decorreu na quinta-feira, os partidos coincidiram no diagnóstico de que a solidão constitui um problema social em Portugal, que foi agravado pela pandemia de Covid-19, atingindo não apenas os adultos, mas também crianças e jovens.

Na apresentação do projeto de resolução, a deputada do PAN Inês Sousa Real adiantou que, segundo dados da Direção-Geral da Saúde, em Portugal 20,4% de mulheres e 7,3% de homens acima dos 50 anos sofrem de solidão, um fenómeno que tende a agravar-se com a idade.

“Importa assegurar uma estratégia nacional de combate à solidão, transversal a vários ministérios e convocando também a academia, a sociedade civil e especialistas” para este objetivo, defendeu a porta-voz do partido, ao salientar que este é um fenómeno “transversal a todas as idades, a todas as regiões e a todos os géneros”.