O ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu, lançou este sábado um severo aviso à NATO e, em particular, à Alemanha, criticando apelos feitos para conter a Rússia posicionando armas e militares perto das suas fronteiras.
“No quadro dos apelos para a contenção militar da Rússia, a NATO continua a colocar as suas forças cada vez mais perto das nossas fronteiras. O ministro da Defesa alemão (Annegret Kramp-Karrenbauer) deve saber bem como algo semelhante acabou para a Alemanha e a Europa”, disse Shoigu, segundo um comunicado oficial.
Shoigu, que se referia à agressão de Hitler em junho de 1941 e à tomada de Berlim pelo exército soviético em 1945, respondia às afirmações de Kramp-Karrenbauer sobre a necessidade de conter a Rússia, mesmo que seja preciso recorrer ao potencial nuclear.
“A segurança na Europa só pode acontecer se não prejudicar os interesses da Rússia”, insistiu Shoigu.
“Mas a NATO é precisamente [a entidade] que não está disposta a dialogar em pé de igualdade”, referiu, acrescentando que “o plano de contenção do Afeganistão terminou numa catástrofe com a qual o mundo inteiro tem agora de lidar”.
Kramp-Karrenbauer denunciou esta semana que a Rússia colocou mísseis de cruzeiro e outros foguetes de nova geração a poucas centenas de quilómetros da fronteira alemã e com capacidade para atingir todo território alemão num curto espaço de tempo.
“Isso foi feito em segredo e em violação dos tratados de controlo de armas. A ameaça nuclear potencial proveniente da Rússia aumentou dramaticamente”, sublinhou o ministro alemão.
Kramp-Karrenbauer também acusou Moscovo de violar o espaço aéreo das três repúblicas bálticas (Lituânia, Letónia e Estónia) e de aumentar as investidas agressivas no mar Negro.
Por isso, o ministro alemão considerou que as armas nucleares são essenciais para conter ameaças e demonstrar o compromisso do bloco para com a segurança coletiva.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciou na quinta-feira um novo plano de defesa que inclui investimentos em armas modernas e melhoria do sistema de dissuasão nuclear, mas sublinhou que o bloco “não tem intenção de colocar novos mísseis nucleares terrestres na Europa”.
No mesmo dia, o Presidente russo, Vladimir Putin, rejeitou a necessidade de a NATO ter quaisquer receios sobre uma possível aliança militar com a China.
“Já o dissemos muitas vezes. Não fizemos amizade com a China contra ninguém, mas no interesse de ambos. Ao contrário da NATO, não estamos a criar um bloco militar fechado. Não há bloco Rússia-China e não temos planos para o criar”, afirmou.
Por sua vez, Putin lembrou que Bruxelas enganou Moscovo quando, após a reunificação alemã, os Aliados prometeram que a infraestrutura da NATO não se aproximaria “em nenhum caso” das fronteiras russas.
Putin enfatizou ainda que a Rússia prometeu não colocais mísseis na parte europeia do país, mas que os Estados Unidos nunca responderam na mesma moeda.
A Rússia anunciou na segunda-feira o encerramento da sua missão na NATO em Bruxelas e do gabinete de informação e ligação militar da Aliança em Moscovo, em resposta à expulsão de oito dos seus diplomatas.