Os veículos a gasóleo mais recentes recorrem ao AdBlue, basicamente uma solução aquosa composta por ureia pura (32,5%) e água desmineralizada (os restantes 67,5%). É graças a essa solução que os diesel equipados com sistema SCR (Selective Catalytic Reduction, ou redução catalítica selectiva) conseguem cumprir as normas antipoluição estipuladas pela Europa, pois a injecção de pequenas quantidades deste fluido nos gases do sistema de escape permite reduzir em até 90% os óxidos de azoto (NOx) libertados para a atmosfera.

Não sendo um aditivo, o AdBlue tem o seu próprio depósito que é necessário reabastecer de tempos a tempos. O intervalo varia consoante o consumo de combustível e a temperatura ambiente, mas estima-se que, em média, um ligeiro a gasóleo consome 1,5 a 2,5 litros de AdBlue a cada 1000 km percorridos, pelo que o período entre estes refills variará também consoante o tamanho do depósito do veículo em questão.

Acontece que se espera que o fornecimento de AdBlue escasseie e, como tal, o preço deve aumentar. E se o incremento do valor já por si é um problema, ficar sem AdBlue no depósito é um problema ainda maior. Quem ignorar a luz avisadora e nada fizer, corre o risco de ficar apeado nos modelos equipados com catalisador SCR. Simplesmente porque, quando o depósito de AdBlue estiver “seco”, o motor é bloqueado electronicamente e não arranca. Noutros modelos, o motor poderá apenas trabalhar em modo de segurança, ou seja, a baixa velocidade. Com a agravante de que este DEF (diesel exhaust fluid) é elementar para o bom funcionamento da maioria dos pesados a gasóleo posteriores a 2006, de camiões a autocarros, e nos ligeiros adquiridos de 2014 em diante.

Para evitar passar pela (má) experiência de rodar a chave ou de carregar no start e nada acontecer, o melhor é ter a certeza de que consegue o líquido “milagroso”.  Ora, já há locais onde o bem escasseou e o preço duplicou. De acordo com a Trans.Info, três dos maiores produtores da Europa suspenderam ou reduziram a produção de AdBlue, em reflexo do aumento do preço do gás.

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A tempestade perfeita que levou os preços da eletricidade e do gás a explodirem

A eslovaca Duslo, que é a maior fábrica de AdBlue na Europa, paralisou a produção, enquanto a italiana Yara e a alemã SKW Piesteritz optaram não pela suspensão, mas pelo corte na produção. No primeiro caso, o Governo local optou por encomendar 500 mil litros e acordar a venda em exclusivo da solução aquosa a empresas de transportes. Já em Itália, dispararam os alertas de escassez, com a procura a exceder a oferta, fruto das aquisições de “pânico”. O certo é que o preço do AdBlue nesse país duplicou: 1000 litros antes da paragem de um mês da fábrica da Yara custavam 250€, agora custam o dobro.

Não há indicação de quando é que a produção retomará a “normalidade” e como se espera que o argumento dos fabricantes de AdBlue se mantenha para fazer pressão sobre o preço do gás, teme-se que as faltas e os incrementos de preço comecem a ser evidentes em cada vez mais países da Europa.