Cerca de 90% das bacias hidrográficas analisadas em vários países da União Europeia (UE) serão insalubres em 2027, revelou um novo estudo realizado pela ONG Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e o grupo Rios Vivos da Europa.

A segunda edição do estudo “O sprint final dos rios europeus”, publicada esta terça-feira, mostra que apenas duas das 21 bacias hidrográficas estudadas, ambas na Finlândia, poderão gozar de boa saúde em 2027.

Com base nestes resultados, os autores do trabalho sublinham que vários países “não alcançarão o objetivo da UE legalmente estabelecido para aquele ano de devolver a saúde às águas doces sujas da Europa”.

Nesta edição, o relatório inclui análises dos rios Douro, Ebro, Guadalquivir e Guadiana, que foram classificados com a categoria de estado moderado.

Atrás das bacias hidrográficas da Finlândia, classificadas como boas, seguem-se as bacia do Loire-Bretanha, em França, e a do Guadiana, em Espanha, que obtiveram bons resultados em vários domínios e avançam no sentido dos objetivos da Diretiva Quadro da Água.

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Esta diretiva, adotada há 20 anos, exige que os planos hidrológicos de bacia sejam elaborados a cada seis anos e que indiquem como se alcançarão os objetivos ambientais de cada bacia hidrográfica.

No relatório destaca-se que os planos para o período 2022-2027 “são cruciais” e que são os últimos antes da data limite da diretiva para garantir em 2027 a boa saúde da água.

Os piores casos são duas bacias hidrográficas italianas, duas alemãs, o rio Reno nos Países Baixos e o percurso internacional do Odra.

O desempenho dos projetos de planos de gestão de bacias hidrográficas é “insuficiente” em quase metade dos indicadores analisados, nos quais se incluem a contaminação, a extração excessiva de água, os bloqueios, como as barragens, e a má gestão das inundações e das secas.

Durante a apresentação do relatório, a responsável da área das águas do departamento de política europeia da WWF, Claire Baffert, frisou que, em vez de centrarem esforços na corrida final para rios saudáveis em 2027, “muitos países estão a adiá-la”.

Os nossos rios merecem uma boa planificação, medidas sérias e inversões credíveis”, disse Baffert, assegurando que “muitos países da UE estão a correr para o incumprimento da legislação”.

O diretor adjunto da Unidade da Água Potável da Direção Geral do Ambiente da Comissão Europeia, Hans Stielstra, afirmou esta terça-feira que apesar de o estudo mostrar dados interessantes, só se analisaram as bacias hidrográficas de 11 estados, pelo que “não pode ser representativo de toda a UE”.

No relatório, recomenda-se aos Estados-membros que dediquem um orçamento substancial ao programa de medidas, alinhem os planos de gestão de resíduos com as metas nacionais em matéria de biodiversidade e promovam soluções baseadas na natureza.