O Estado português destacou esta quinta-feira o “papel fundamental” do jornalista britânico e timorense Max Stahl, falecido na quarta-feira, na “luta de Timor-Leste pela sua autodeterminação”, transmitindo os “sentidos pêsames” à família, mas também ao povo timorense.
Max Stahl desempenhou um papel fundamental na luta de Timor-Leste pela sua autodeterminação. Os nossos sentidos pêsames à família, aos amigos, e também ao povo timorense, que perde hoje uma pessoa que deu um contributo inestimável à sua história”, escreve o Ministério dos Negócios Estrangeiros na nota a que a Lusa teve acesso.
O jornalista britânico e timorense Max Stahl, que filmou o massacre de Santa Cruz, em Díli, em novembro de 1991, morreu esta quinta-feira num hospital da cidade australiana de Brisbane, vítima de doença prolongada, confirmou à Lusa fonte familiar.
Condecorado com o Colar da Ordem da Liberdade, o mais alto galardão que pode ser dado a um cidadão pelo Estado timorense, Max Stahl viu-lhe atribuída a nacionalidade timorense.
Christopher Wenner, que começou a ser conhecido como Max Stahl, iniciou a sua ligação a Timor-Leste a 30 de agosto de 1991 quando, “disfarçado de turista”, entrou no território para filmar um documentário para uma televisão independente inglesa.
Entrevistou vários líderes da resistência e, depois de sair por causa do visto, acabou por regressar, entrando por terra, acabando, a 12 de novembro desse ano por filmar o massacre de Santa Cruz.
Max Stahl estava na Austrália há algum tempo, para onde teve que viajar para tratamentos médicos.
Por coincidência, faleceu no mesmo dia em que morreu, em 1991, Sebastião Gomes, o jovem que foi a enterrar em Santa Cruz e cuja morte suscitou o protesto que acabaria por terminar no agora conhecido como massacre de Santa Cruz.
Mais de duas mil pessoas tinham-se dirigido a Santa Cruz para prestar homenagem a Sebastião Gomes, morto por elementos ligados às forças indonésias no bairro de Motael.
A ação dos militares indonésios foi filmada por Max Stahl e a atenção internacional sobre Timor-Leste mudou para sempre os destinos do país.
No cemitério, os militares indonésios abriram fogo sobre a multidão e provocaram a morte de 74 pessoas no local. Nos dias seguintes, mais de 120 jovens morreram no hospital ou em resultado da perseguição das forças ocupantes.
A maioria dos corpos nunca foi recuperada.