Hoje parece quase um cenário irreal mas, quando chegou ao Sporting vindo do Famalicão, Pedro Gonçalves ainda chegou a fazer alguns jogos como médio durante a pré-temporada. Aliás, olhando para aquela posição, havia a dúvida se num sistema de 3x4x3 teria todas as condições necessárias para ser um dos jogadores de corredor central. Não aconteceu, a não ser em episódios esporádicos em que a equipa ficava mais balanceada no ataque. E muito por culpa da insistência de Rúben Amorim, que sempre viu no agora internacional um elemento de ataque apesar da retinência do próprio jogador até acabar por aceitar a proposta entregue.

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“Houve várias conversas no início. Sempre lhe disse que não era a posição onde gostava de jogar, que gostava de ser um jogador mais central. Gostava de jogar mais atrás para fazer passes, assistências, ter mais bola, ser mais um organizador. Sempre tive essa ideia mas depois de várias conversas e de ele me ter mostrado muitos movimentos e golos, acabei por confiar na sua opinião. Correu muito bem”, assumiu Pote à Eleven Sports recentemente, na antecâmara da estreia na Liga dos Campeões frente ao Besiktas em Istambul. A “teimosia” fez com que se tornasse mesmo o melhor marcador do último Campeonato com 23 golos e a nova temporada começou com ainda maior fulgor, com quatro golos em cinco jogos oficiais entre os quais a conquista de mais um troféu, a Supertaça. Depois, veio uma lesão. E a longa paragem de um mês e meio, que durante as semanas iniciais ninguém imaginava que pudesse ser tão longa como acabaria mesmo por ser.

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Desde que voltou à equipa, Pedro Gonçalves não conseguiu ainda marcar – coincidência ou não, o Sporting está a rematar e a marcar mais como equipa do que durante a sua ausência – mas nem por isso esse período de “seca” afetou a confiança dos responsáveis verde e brancos, que conseguiram agora fechar mais uma pasta que tinham entre mãos depois de Daniel Bragança e Matheus Nunes: o (agora) avançado prolongou contrato com o conjunto de Alvalade até 2026, vendo aumentada a cláusula de rescisão de 60 para 80 milhões. Pote ficará também com um dos maiores salários da equipa pela importância revelada nas opções de Rúben Amorim, havendo de ambas as partes a expetativa de como será o próximo mercado de verão, sem qualquer condicionamento por haver apenas Mundial no final do ano. Neste, o Observador sabe que as abordagens não resultaram em propostas concretas e que o que chegou logo aí a ser falado foi a questão da renovação.

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De acrescentar que, além de algumas situações nas equipas mais jovens que estão a ser acompanhadas nesse campo, também no conjunto principal dos leões continuarão as renovações de contratos nas próximas semanas. Gonçalo Inácio, outra das prioridades, deverá ser o próximo a ser chamado para renovar numa fase em que ambas as partes estão de acordo com os valores para prolongar o atual vínculo, seguindo-se Adán e Luís Neto. A situação de Pedro Porro, distinta por ser um jogador que está ainda cedido pelo Manchester City, também conheceu desenvolvimentos desde o início da temporada, havendo já acordo entre Sporting e lateral direito espanhol para que a cláusula de opção de 8,5 milhões de euros seja exercida no final da época.

“O sentimento é de orgulho e de certeza do trabalho bem feito na época passada. A renovação é uma espécie de confiança extra que o clube me dá mas significa também que tenho de dar ainda mais e de continuar a orgulhar o Sporting, os adeptos e a minha família. Tenho de continuar a trabalhar todos os dias e a dar o meu melhor em todos os treinos porque, se assim for, estou sempre mais perto de jogar e de quando estiver dentro de campo dar o máximo por esta camisola e por este símbolo”, referiu aos meios do clube. “Conheço as minhas capacidades e estou muito contente pela grande temporada que fiz. Não me fixo no número de golos nem de assistências. Gosto é de jogar e de dar tudo em campo e espero que essa seja a minha imagem de marca. O meu objetivo é trabalhar todos os dias para a equipa e para o treinador e fazer uma época igual ou melhor do que no ano passado”, acrescentou o internacional português.